Ruptura nos ligamentos impediam que Isabela mexesse o braço. Com tratamento, ela já pode segurar suas bonecas
Se tivesse sido exibido nos cinemas, o vídeo estrelado por Isabela provavelmente estaria disputando o título de filme brasileiro mais visto nas telonas. O detentor da marca hoje é Tropa de Elite 2, com mais de 11 milhões de telespectadores, mesmo número de visualizações alcançado pelo vídeo da menina na internet.
Em pouco menos de um minuto, ela dá uma bronca no pai por ter fechado a porta da rua e pede para que ele não faça mais isso. E termina com a expressão que garantiu o sucesso: “Tranquilo?”, diz ela, polegar em riste e olhos questionadores.
Com tamanha audiência, o You Tube, onde o vídeo está hospedado, procurou Felipe Horst, designer, pai de Isabela, e sugeriu a inserção de publicidade.
A participação nos lucros recebida desde então garante a rotina agitada e o tratamento da menina, que sofreu uma lesão no plexo braquial no momento do parto.
“E ainda vai pagar por muito tempo”, afirma o pai, que não quis revelar o montante recebido, mas garante que o valor cobre todos os gastos, incluindo plano de saúde, consultas avulsas com especialistas, fisioterapia e aulas de balé e natação.
A lesão obstétrica do plexo braquial acontece no momento em que o bebê é puxado, durante o parto normal, e há o afastamento excessivo da cabeça em relação ao ombro. A consequência dessa manobra é o rompimento dos nervos responsáveis por enviar impulsos nervosos para ombro, braço e mão. O resultado é a perda total de movimentos do braço afetado. A incidência anual do problema é de 500 mil novos casos em todo o mundo, mas, com a evolução da medicina, tem sido cada vez menos comum.
O tratamento inclui fisioterapia intensiva e cirurgia de reconstrução dos ligamentos, no caso de Isabela, realizada há um ano e meio. “Desde o segundo dia de vida, a levamos ao médico e desde a segunda semana ela já fazia fisioterapia. No início, eram três vezes por semana, agora são duas vezes”, relata Felipe.
Depois da cirurgia, a menina de 3 anos recuperou alguns dos movimentos como abrir e fechar a mão e o braço, o que garante menos sujeira na hora de comer feijão, um de seus pratos favoritos.
Hoje, Isabela também consegue segurar as bonecas e brincar de comidinha, sua diversão predileta. Sapeca, pega todas as colheres de sobremesa da cozinha e leva para o quarto, onde gosta de ficar com seus “nenês” e se esconder do lobo-mau.
A melhora na coordenação motora e o uso dos dois braços também permitiu que ela se dedicasse a uma grande paixão: o balé. Influenciada pelo desenho preferido, Angelina Balerina, sempre que pode coloca a saia de tutu, dança e canta. No último aniversário, em vez de um vestido novo fez questão de comemorar de collant e da saia de tule.
Minicelebridade
Isabela tem uma vida digital desde muito cedo. Ainda bebê, os pais, que moravam em Goiânia, enviavam vídeos da menina para os avós, residentes no Rio Grande do Sul.
“Nós sabíamos que o vídeo da porta era divertido, sempre soubemos que ela é uma criança original e arteira, mas a dimensão que tudo isso ganhou era impossível de imaginar”, relata Horst.
Assim como fica evidente na gravação, Isabela tem personalidade forte e mesmo tão pequena gosta de defender seu ponto de vista. “É difícil de dominar”, resume o pai.
Famosa na internet, quando é reconhecida na rua, Isabela reage como qualquer criança ao ser abordada efusivamente por um adulto desconhecido. “Ela fica de mau humor. As pessoas pedem para tirar foto, dar abraço, beijo. Ela tem muitos fãs, e eu entendo essa admiração, mas tento sempre deixá-la à vontade. A cada 10 pedidos como esses, ela atende um”, explica.
Felipe afirma que o assedio é maior por parte das mulheres e em cidades maiores. Hoje, ele e a filha moram em Montenegro, município de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Sobre a possibilidade de a filha vir a ser artista algum dia, Felipe diz que não faz planos.
“A gente abriu algumas portas para ela, ela pode usar se quiser”, conta. Por enquanto, Isabela já estrelou um comercial de roupas infantis.
Fonte iG
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