Os proponentes dizem que o casamento da TI em saúde e a terapia individualizada vai revolucionar os cuidados de saúde. Que papel a informática médica irá desempenhar neste admirável mundo novo?
Está proclamada a provocação no topo de um recente artigo do Wall Street Journal: “Qual será o futuro da medicina? Monitores finos de saúde, terapias personalizadas e o fim da doença”. Whoa! TI – terapia médica avançada e personalizada é uma grande promessa, mas não irá eliminar a doença da face da terra tão logo. A natureza é muito inteligente para deixar isso acontecer.
E vamos enfrentar isso, é pela natureza que estamos lutando: os micróbios são diabinhos astutos diabinhos que continuam a encontrar formas de resistir aos efeitos dos antibióticos e mutações genéticas que continuam a nos colocar no caminho do perigo.
Apesar destas advertências, falar de tratamento médico individualizado não é fácil. Esta abordagem, eventualmente, nos ajudará na proximidade com os fatores de risco antes mesmo que uma doença possa invadir as nossas células e detectar a doença pré-clínicas antes que saia do nosso controle.
Que papel a informática médica irá desempenhar neste admirável mundo novo? A Dell, por exemplo, está tão convencida de que a TI em saúde terá uma grande influência aqui, que está colocando a infraestrutura no local para apoiar o uso de registros eletrônicos de saúde (EHRs, da sigla em inglês) em pesquisa genômica. A Dell recentemente doou US$ 4 milhões da capacidade dos seus servidores e serviços para apoiar um projeto que visa aplicar a medicina personalizada no tratamento do câncer pediátrico.
O projeto de ensaios clínicos inicialmente se concentra em neuroblastoma, um câncer raro, mortal, que atinge um em cada 100.000 crianças anualmente antes de cinco anos de idade e é responsável por uma em cada sete mortes por câncer pediátrico. A infraestrutura de nuvem da Dell, que irá apoiar a colaboração e troca de dados entre os oncologistas e pesquisadores da área médica em todo o país, será colocada no Translational Genomics Research Institute (TGRI), um parceiro fundamental no projeto.
A Dell irá fornecer TGRI com 8,1 teraflops de velocidade, servidores PowerEdge Blad, infraestrutura de rede Force10, matriz de armazenamento PowerVault e conhecimentos técnicos para ajudar com o sequenciamento genético.
A Dell se junta a um crescente número de fornecedores de TI, incluindo IBM, Informatica e Cycle Computing que estão esperando para ganhar dinheiro com a medicina personalizada. Infelizmente, ainda temos de ver alguma evidência forte de que essa abordagem vai realmente melhorar os resultados clínicos ou reduzir os custos de saúde a longo prazo.
Para ser justo, grande parte da pesquisa que está sendo patrocinada por essas empresas ainda está em seus estágios iniciais, por isso não podemos esperar muito. Ainda assim, gostaria de saber se o dinheiro não seria mais bem gasto em iniciativas não genéticas mais modestas.
Em um recente simpósio sobre medicina personalizada, Ezequiel J. Emanuel, MD, diretor do Departamento de Ética Médica e Saúde da Universidade da Pensilvânia, questionou se faria mais sentido atingir todos os erros de estilo de vida que os pacientes fazem ao invés de analisar os defeitos de genética. Sua visão: “A medicina personalizada perde o fato mais importante sobre a sociedade moderna – poucos problemas de saúde e morte prematura são genéticos, muito mais é estilo de vida e social.”
Emanuel é um dinossauro ou um pragmático? É difícil dizer neste momento. Nos últimos anos, os avanços na medicina genética têm melhorado o tratamento individualizado para mulheres com câncer de mama. O risco de uma mulher desenvolver câncer de mama ou câncer de ovário é muito maior se ela herda um gene BRCA1 ou BRCA2 prejudiciais, por exemplo. Com essa descoberta na mão, os cientistas desenvolveram um teste específico para detectar as mutações e um tratamento que pode ser adaptado para atender aqueles com alto risco.
A única desvantagem para este avanço é que ele beneficia apenas uma pequena porcentagem de pacientes com câncer de mama. O ponto que Emanuel ressalta é que investir em iniciativas mais modestas relacionadas ao estilo de vida nos levará a um maior retorno de investimentos, porque eles podem ser aplicados a uma maior população de pacientes.
Na análise final, o futuro pertence à medicina personalizada e a TI em saúde desempenhará um papel importante em torná-lo uma realidade. O que continua a ser visto é se ele virá na esteira de grandes projetos de dados ou iniciativas de “poucos dados” como um projeto de diabetes. Não há razão, não podemos fazer as duas coisas.
Fonte: Paul Cerrato | InformationWeek EUA, replicada pela InformationWeek Brasil
Por SaudeWeb
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