Neil Harbisson, 29, é um ciborgue.
Portador de uma síndrome chamada acromatopsia, o artista visual e compositor britânico só consegue enxergar em preto e branco.
Joel Silva/Folhapress | ||
O ciborgue Neil Harbisson, 29, artista e compositor britânico que só consegue enxergar em preto e branco |
Para Harbisson, cada pessoa, cidade ou comida se transforma em uma composição musical, o que rendeu frases como "Picasso soa bem" ou "Mozart é muito amarelo" (quando o processo é invertido), que fizeram rir a plateia de sua palestra na Campus Party, nesta quarta-feira (8).
"Se as saladas soassem como Justin Bieber, as crianças comeriam mais vegetais", brincou Harbisson.
Ir ao supermercado é como ir a uma discoteca, conta ele. "As cores são incríveis. É muito mais divertido do que ir a uma floresta, que só tem tons de verde".
Quanto mais vívida a cor, mais alto é o volume da nota musical gerada, e quanto mais cores há, mais complexa é a composição que chega ao ouvido de Harbisson.
Ao tentar renovar seu passaporte britânico em 2004, ele foi informado de que não é permitido usar aparelhos eletrônicos na fotografia.
Depois de discussões com o governo, que envolveram cartas de seu médico e de sua universidade explicando sua condição de ciborgue --pessoa que usa elementos cibernéticos como parte de seu organismo--, ele foi autorizado a posar para a foto ostentando o olho eletrônico.
Em 2010, Harbisson criou a Fundação Ciborgue, uma "organização internacional para ajudar os seres humanos a se tornarem ciborgues e defender os direitos dos ciborgues".
A instituição já criou eyeborgs para crianças cegas do Tibete, instalou uma câmera na mão de um garoto que perdeu um dos dedos e criou para um rapaz surdo um dispositivo que converte sons em cores --espécie de earborg invertido.
"A fundação não é para reparar as pessoas, mas sim para ampliar seus sentidos, percepções e habilidades", afirmou Harbisson.
Fonte Folhaonline
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