Recém-nascida morreu em uma das principais maternidades pagas da capital
Polícia Civil de São Paulo instaurou inquérito para investigar a morte da recém-nascida Maria Victória Santos Ribeiro, morta aos 41 dias de vida no Hospital e Maternidade Santa Joana, uma das maiores maternidades particulares da capital paulista, após ter nascida supostamente saudável.
O técnico em telecomunicações Reginaldo Ribeiro da Silva, de 39 anos, e a analista de sistemas Erika Alvares Borges, de 35, pais da criança, dizem que o hospital teria cometido erros que provocaram a morte inexplicada.
A suspeita de mau atendimento levou a família a registrar boletim de ocorrência, pedir necropsia fora do hospital e acionar a Justiça para tentar descobrir o que aconteceu no hospital. Eles querem ter acesso a todas as imagens de dentro do berçário - sobretudo às da câmera que focava apenas o berço da filha.
Os pais também criaram uma página na internet, na qual relatam o que aconteceu na maternidade, e fizeram um perfil da criança em redes sociais para divulgar o caso e buscar respostas.
O laudo preliminar da morte da criança, elaborado pelo Instituto Médico-Legal (IML), aponta septicemia, broncopneumonia e fratura de ossos. O complementar deve ficar pronto em até 30 dias.
A ocorrência foi registrada na polícia no dia 23, como morte suspeita. Ontem, o delegado titular do 6.º Distrito Policial, José Gonzaga Pereira da Silva Marques, afirmou que pedirá as gravações ao hospital e convocará a equipe médica que socorreu a menina para depor. As imagens podem ser enviadas para perícia técnica.
Marques diz, porém, que somente com o laudo final da causa da morte, feito pelo IML, poderá concluir a investigação. "Vamos antecipadamente instaurar inquérito porque existem dúvidas dos pais que precisamos esclarecer. Estão suspeitando de lesões, marcas e fraturas que não ocorrem naturalmente em uma criança", diz o delegado. O Santa Joana ainda não havia sido notificado até a noite de ontem.
Histórico. Maria Victória nasceu no dia 13 de dezembro. Reginaldo e Erika dizem que escolheram o Santa Joana como maternidade para o parto - ao custa de R$ 9 mil - depois de visitarem três hospitais.
"Mostraram-nos o berçário, o centro cirúrgico, os quartos. Escolhemos porque havia câmeras por todos os lugares, até mesmo filmando os berços dos bebês no berçário", diz Reginaldo.
De acordo com ele, a menina nasceu com peso normal e recebeu "nota 10" no atendimento pós-parto. O problema com o bebê teria ocorrido na madrugada do dia 15, quando o pai a levou para trocar a fralda no berçário, depois de ser amamentada.
"A auxiliar de enfermagem disse que a trocaria e a levaria de volta. Mas, como demorou, acabei adormecendo. Minha mulher e eu fomos acordados já de dia, com uma médica dizendo que o coração da nossa filha tinha parado de bater", diz o pai.
A suspeita da família é de que a auxiliar de enfermagem tenha colocado a criança no bercinho e se descuidado quando a criança "escorregou", tendo se sufocado com a coberta. Os pais reclamam de demora no socorro.
A equipe do hospital diz que a auxiliar de enfermagem desconfiou de hipotermia, porque as unhas do bebê estavam roxas, e chamou a médica de plantão, que verificou falta de oxigenação e decidiu levá-la à Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Lá, a menina foi entubada e medicada, porque estava com frequência cardíaca baixa.
Maria Victoria entrou em coma, teve convulsões e uma lesão na membrana pulmonar (por tentativa de reanimação). Depois, foi diagnosticada lesão cerebral. Nenhum exame realizado desvendou a doença original.
Fonte Estadão
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