Adriana Augusta precisa de viajar para Lisboa a cada três meses |
A suspensão dos transportes não urgentes está a penalizar muitos doentes, na maioria idosos, das zonas mais isoladas, que são obrigados a percorrer grandes distâncias para terem consulta.
No concelho de Odemira, multiplicam-se os casos de pacientes que abandonam os tratamentos por falta de dinheiro e de idosos que são obrigados a pagar o transporte em prestações.
É o caso de Adriana Augusta, doente oncológica, de 79 anos. É obrigada a ir a Lisboa, ao IPO, de três em três meses. Recebe uma reforma de 274 euros. Ir aos tratamentos no transporte da Junta de Sabóia (Odemira), onde reside, custa-lhe 211 euros, que, face aos parcos rendimentos, está a pagar em prestações de 20 euros. "Com o que ganho, e depois de pagar as despesas, não sobra nada ao fim do mês. Esta é a única maneira. Da próxima vez vou de autocarro, porque os 20 euros já me fazem falta para a mercearia, onde também não posso ficar a dever", disse.
"Um serviço para Lisboa chega aos 200 € e isso é o valor de muitas reformas", explica Manuel José, presidente da Junta de Sabóia, que "não pode perdoar a dívida", mas "fecha os olhos" a muitas situações e permite que "as pessoas dêem 20€ por mês".
Arnaldina Dâmaso, 58 anos, fez uma mastectomia total em 2004, e sempre que o braço incha, necessita de recorrer à fisioterapia para acalmar as dores. A viver em Azenha do Mar, São Teotónio, Arnaldina tem de se deslocar até ao Hospital do Litoral Alentejano, a mais de 80 km. Acabou por interromper os tratamentos por falta de dinheiro.
"Cada vez que lá ia enchia o depósito com 100€ até que abandonei. Para me tratar, tenho de economizar o que não consigo porque a reforma é baixa. Nem comia para fazer os tratamentos", conta.
Fonte Correio da Manhã
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