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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Pesquisa liga apneia do sono a acidente vascular cerebral silencioso

Roncos ao longo da noite e, em algum momento, silêncio total. Para os que convivem com quem tem apneia do sono, problema de saúde em que a pessoa para de respirar enquanto dorme, os segundos sem barulho deixam de ser relaxantes para causar preocupação.

A falta de oxigenação no organismo pode causar uma série de problemas, como hipertensão arterial, arritmias cardíacas e, como constatado em uma pesquisa na Universidade de Dresden, na Alemanha, acidentes vasculares cerebrais (AVCs), mais conhecidos como derrames. O mais alarmante é que, de acordo com o estudo, a apneia grave — com mais de 30 crises por hora — aumenta o risco de os indivíduos sofrerem derrames silenciosos (que não apresentam sintomas) e pequenas lesões no cérebro.

A principal autora da análise, Jessica Kepplinger, pesquisadora do Centro de Derrames do Departamento de Neurologia da Universidade de Dresden, conta ao Correio que ela e sua equipe observaram uma altíssima frequência de apneia do sono em pacientes que haviam sofrido AVCs. “Dos 56 pacientes, 91% tinham o problema de saúde, o que o torna um importante fator de risco para derrames”, determina. “Em relação a pessoas que tiveram derrames silenciosos, a apneia do sono era mais comum nesse grupo do que nas com AVC comum. Essa questão, no entanto, não foi estatisticamente significante, talvez pelo grupo pequeno de voluntários”, explica a neurologista, relatando os dados do estudo, apresentado nesta semana no congresso da American Stroke Association’s International Stroke Conference 2012. A autora acrescentou que mais de um terço das pessoas que sofreram lesões na substância branca do cérebro, que é uma região menos irrigada por sangue, tinham apneia e que, quanto mais grave era a parada respiratória, maiores eram as chances de que o paciente tivesse mais danos cerebrais.

De acordo com o neurologista Rubens José Gagliardi, vice-presidente do Departamento de Doenças Cérebro-Vasculares da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), a relação entre AVC e apneia é conhecida pelos médicos, mas o problema do sono é considerado uma das causas menos frequentes da doença. “Os fatores mais comuns para provocar um derrame são pressão alta, problemas cardíacos — principalmente com arritmias —, diabetes, tabagismo, colesterol alto, obesidade e sedentarismo”, enumera. “Mas estudos recentes têm estabelecido cada vez mais que quem tem apneia corre mais riscos de ter AVC. É uma reação em cadeia. A parada da respiração faz com que falte oxigenação no corpo, o que intensifica cardiopatias e a hipertensão arterial.”

Jessica concorda com o médico sobre a apneia ser um fator de risco independente para derrames, mas acredita que a relevância desse distúrbio do sono é negligenciada. “Embora ainda não seja completamente compreendido como uma doença leva a outra, na literatura científica propõe-se que a apneia cause respostas inflamatórias, estresse oxidativo e a maior ativação das plaquetas no sangue, que pode provocar aterosclerose nos vasos sanguíneos”, relata. O objetivo da equipe com esse estudo, afirma a neurologista, é destacar a importância da apneia do sono não apenas em relação aos derrames com sinais clínicos, mas também aos AVC’s que só são detectados em exames de imagem e podem provocar perdas cognitivas ao longo do tempo. Essa é a razão pela qual o tratamento do distúrbio é tão necessário.
Fonte Correio Braziliense

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