Inca responde a manifesto da cadeia produtiva do tabaco contra proibição de aditivos nos cigarros
A decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pela proibição da venda de cigarros com aditivos de aroma, como cravo, mentol e chocolate, causou reação de órgãos ligados à indústria do tabaco. Em comunicado enviado à imprensa, o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), órgão do Ministério da Saúde e Centro Colaborador da Organização Mundial de Saúde (OMS), responde ao manifesto da cadeia produtiva do tabaco, argumentando que é fato científico que o consumo dos produtos de tabaco provoca a morte de 5 milhões de pessoas a cada ano no mundo todo. No Brasil, são 200 mil mortes anuais.
"Nos últimos anos, a indústria do tabaco introduziu uma ampla variedade de aromas e sabores atraentes, em marcas e produtos específicos, incluindo cigarros, charutos, tabaco sem fumaça, kreteks, bidis e narguilé. O objetivo é tornar seu produto agradável, acrescentando aditivos variados, tais como: açúcar, mel, cereja, tutti-frutti, chocolate, dentre outros, com único objetivo: atrair jovens", diz o comunicado do Inca enviado à imprensa. O argumento é o mesmo sustentado pelo relator da proposta na Anvisa, Agenor Álvares, para justificar a proibição.
O instituto defende que os aditivos visam mascarar tanto o gosto ruim, a irritação e a tosse que a fumaça do tabaco provoca, como facilitar a primeira tragada e desenvolver dependência à nicotina. Vários estudos indicam que os adolescentes são especialmente vulneráveis a esses efeitos e têm uma maior probabilidade do que os adultos desenvolverem dependência ao tabaco. Muitos dos aditivos, inclusive o açúcar, ao serem queimados durante o ato de fumar, se transformam em substâncias altamente tóxicas e cancerígenas.
"Portanto, são fundamentais as ações que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vem executando na regulação dos produtos que sejam nocivos à saúde da população com o único intuito de proteger a sociedade das doenças causadas por esses produtos", destaca o comunicado.
O Inca afirma ainda que a alegação da indústria do tabaco de que a medida anunciada pela Anvisa impactaria negativamente nos produtores de tabaco não procede, já que, frente à redução do tabagismo no mundo, o governo brasileiro vem investindo no Programa Nacional de Diversificação de Produção em Áreas Cultivadas com Tabaco, sob a coordenação do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), com vistas a proteger a estabilidade econômica das cerca das 200 mil famílias brasileiras atualmente inseridas na cadeia produtiva do fumo.
"Além do aspecto econômico, a medida visa proteger a saúde dos fumicultores, que sofrem constantemente de doenças causadas pelos pesticidas e pela plantação da folha de tabaco, como a doença do tabaco verde (caracterizada por sintomas que incluem náusea, vômito, fraqueza, dor de cabeça, tonteira, dores abdominais, dificuldade para respirar e flutuações na pressão sanguínea)", diz o texto.
Atualmente, estima-se que o Brasil tenha 25 milhões de fumantes.
Fonte Zero Hora
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