Em 2011, o mercado de fitoterápicos movimentou cerca de R$ 1,1 bilhão no Brasil, aumento de 13% em relação ao ano anterior
Alvo de resistência e preconceito da classe médica no passado, por estar associado a tratamentos com chás e ervas, o segmento de medicamentos fitoterápicos está recebendo investimentos dos laboratórios nacionais e estrangeiros instalados no país. O Aché, empresa nacional que atua no segmento farmacêutico, vai lançar em abril um novo produto voltado para a área respiratória. A pernambucana Hebron e a sul-africana Aspen também estão trabalhando para ampliar o portfólio desses medicamentos. As informações são do jornal Valor Econômico.
De acordo com a publicação, o laboratório Aché foi o primeiro do país a registrar uma patente de fitoterápico desenvolvido totalmente no Brasil. O anti-inflamatório Acheflan foi lançado em 2005 e é líder em sua categoria, mais vendido que tradicionais medicamentos tópicos sintéticos.
O Aché lançará o Liberaflux, o primeiro fitomedicamento expectorante da companhia à base de extrato seco de Hedera helix, espécie cultivada em Portugal e na Irlanda. Essa molécula movimenta R$ 80 milhões por ano no Brasil e está entre as principais em crescimento no mercado. O xarope expectorante chega ao mercado em apresentações de 7,5mg/ml, em frascos com 100 ml e 200 ml.
Com uma participação de 7% nesse segmento no Brasil, o Aché registrou receita bruta de R$ 2,6 bilhões em 2011. A receita com essa linha de medicamentos ficou em R$ 67 milhões e deve crescer em 2012. As vendas do Acheflan giram em torno de R$ 22 milhões por ano, segundo Neri.
Em 2011, o mercado de fitoterápicos movimentou cerca de R$ 1,1 bilhão no Brasil, aumento de 13% em relação ao ano anterior, de acordo com porta-voz da consultoria Pharmalaza, com base nos dados da consultoria IMS Health, José Roberto Lazzarini Neves. Ele diz que no acumulado dos últimos cinco anos, o segmento de fitoterápicos cresceu 10,5%. Cerca de 45 milhões de unidades foram comercializadas no ano passado. Em 2011, a receita de todo setor farmacêutico foi de R$ 43 bilhões.
Os fitoterápicos são medicamentos desenvolvidos a partir de extratos vegetais padronizados. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os critérios de pesquisa e desenvolvimentos desses produtos são os mesmos que os medicamentos sintéticos. Segundo a coordenadora da farmacopeia Brasil da Anvisa, Mônica da Luz Carvalho Soares, há mais produtos desenvolvidos no país a partir de plantas exóticas (de fora do país) do que nativas.
Atualmente, a Alemanha é o maior produtor de medicamentos fitoterápicos no mundo, afirmou Eduardo Pagani, presidente da Sobrafito (Associação Médica Brasileira de Fitomedicina). Atualmente, a Sobrafito está dando um curso de fitoterapia para 300 médicos do SUS (Sistema Único de Saúde) de todo país.
De acordo com Lazzarini, as pesquisas a partir de plantas nativas estão praticamente paradas por conta das restrições impostas para pesquisas.
Para o presidente do laboratório pernambucano Hebron, Josimar Henrique da Silva, se as plantas estiverem em área indígena, as pesquisas ficam ainda mais complicadas. A companhia deverá lançar entre 2013 e 2014 três novos medicamentos fitoterápicos.
Silva conta que em outubro a companhia colocou um produto no mercado e possui um portfólio com 15 medicamentos dessa linha. Segundo Silva, os laboratórios estão em discussão com o governo para flexibilizar as regras para pesquisar plantas nativas.
Em 2010, a Hebron vendeu dois medicamentos de sua linha de fitoterápicos para a sul-africana Aspen. A multinacional quer expandir seus negócios no Brasil e negocia a compra de outros medicamentos dessa linha. Alexandre França, presidente da subsidiária brasileira, afirmou que cerca de um terço da receita do grupo no país, de R$ 160 milhões, vem dessa categoria. Segundo o executivo, a companhia poderá trazer para o país produtos que a Aspen comercializa no mercado internacional. Para 2012, a companhia prevê crescer 12% em vendas e 9% em volume.
Em nota, o Ministério do Meio Ambiente informou que exerce a função de secretaria executiva do CGEN (Conselho de Gestão do Patrimônio Genético). Esse conselho é o órgão competente para emitir as autorizações de acesso ao patrimônio genético de espécies da biodiversidade brasileira para fins de pesquisa científica, bioprospecção e desenvolvimento tecnológico, o que inclui a atividade de elaboração de fitoterápicos. Esta competência encontra fundamento na MP 2186-16/2001, a legislação brasileira vigente sobre o tema.
Ainda segundo o ministério, o Brasil ocupa posição de vanguarda em acesso e repartição de benefícios, condizente com o avanço nos compromissos internacionais sobre conservação e uso sustentável da biodiversidade e repartição de benefícios, tais como a Convenção da Diversidade Biológica e o mais recente Protocolo de Nagoia.
O CGEN vem renovando e modernizando a gestão do acesso e repartição de benefícios, tanto com a elaboração de normas e procedimentos simplificados para a pesquisa, como na eficiência na emissão das autorizações de acesso. Para isso, descentralizou a competência para emissão de autorizações específicas ao Ibama, O Iphan e CNPq. O CNPq, inclusive, já opera em ambiente informatizado.
Fonte SaudeWeb
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