Gene limita as mutações espontâneas que ocorrem nas células, mas também é capaz de estimular o aparecimento de tumores
Cientistas espanhóis descobriram um gene que pode proteger contra o câncer, mas que também é capaz de promover o crescimento do tumor, um efeito contraditório que poderia ocorrer em outros tipos de genes.
"Trata-se de um gene que atua como Dr. Jekyll ou como Mr. Hyde, já que pode nos proteger da aparição de tumores ou favorecer seu crescimento", explica o líder do grupo autor da pesquisa, Óscar Fernández Capetillo, do Centro Nacional de Pesquisas Oncológicas (CNIO).
O trabalho, publicado no "Journal of Experimental Medicine", estuda a função do Chk1, um gene conhecido até agora por sua capacidade para evitar que uma célula se torne cancerígena.
O gene Chk1 é o que Fernández-Capetillo classifica como "um guarda do genoma, um gene que mantém nosso genoma livre de mutações e que, portanto, nos protege do desenvolvimento de tumores".
Os pesquisadores queriam estudar se este efeito poderia ser potencializado, por isso criaram um rato com três cópias do gene Chk1 ao invés de duas. E em seguida, extraíram e cultivaram suas células e as transformaram em tumores.
O que encontraram foi inesperado: as células se tornavam malignas mais facilmente nos ratos que tinham uma cópia adicional de Chk1. A explicação para o paradoxo é que o Chk1 tem um efeito benéfico sobre as células sadias, mas também atua positivamente nas cancerígenas quando elas aparecem no organismo.
"A princípio, o Chk1 previne a aparição do tumor, já que limita as mutações espontâneas que ocorrem em nossas células".
No entanto, os tumores avançados sofrem altas quantidades de danos em seu DNA, e o Chk1 "favorece o tumor diminuindo os danos que este sofre em seu genoma", explica Fernández-Capetillo.
O Chk1 atua protegendo as células do chamado estresse replicativo, que é um tipo de lesão que se produz no material genético das células quando estas se dividem. Assim, há tumores que sofrem de maneira contínua um alto número de lesões em seu genoma devido a suas altas taxas de divisão.
"O crescimento deste tipo de tumor pode ser favorecido pela presença de guardiães do genoma como o Chk1, já que aliviam em parte a carga de danos que sofrem", explica o pesquisador.
"Este trabalho ajuda a entender por que o Chk1 se encontra sobre-expressado em muitos tumores, quando o intuitivo é que seja a perda deste tipo de genes protetores o que favorece o desenvolvimento do câncer", conclui o pesquisador.
Fonte iG
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