Uso do suplemento – que reduz em até 75% risco de bebê ter anencefalia ou espinha bífida – não é comum no País; Federação lança campanha nesta quinta, 30
A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) lança nesta quinta, 30, a recomendação de consumo de suplementos de ácido fólico para prevenir anencefalia e espinha bífida – dois defeitos de fechamento do tubo neural, que podem ser evitados se o consumo ocorrer na dose recomendada.
A norma será apresentada durante o 17.º Congresso Paulista de Ginecologia e Obstetrícia, realizado em São Paulo. A recomendação da Febrasgo é que a mulher consuma 400 microgramas por dia de ácido fólico durante pelo menos um mês antes de engravidar e ao longo do primeiro trimestre de gestação – período em que o tubo neural está em pleno desenvolvimento.
O tubo neural é a estrutura que dará origem ao sistema nervoso central do bebê, incluindo cérebro e coluna. Sua formação ocorre entre o 17.º e o 30.º dia após a concepção. Estima-se que 1 em cada mil bebês nasçam com espinha bífida ou desenvolvam anencefalia, uma malformação incompatível com a vida.
Pesquisas apontam que o consumo de ácido fólico reduz em até 75% o risco de o bebê nascer com esses dois problemas. Em 2002, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou a adição de 4,2 mg de ferro e de 150 mg de ácido fólico para cada 100 g de farinha de trigo e de milho. A intenção era reduzir a prevalência de anemia por deficiência de ferro e prevenir defeitos do tubo neural.
O ácido fólico é uma vitamina do complexo B e atua no processo de multiplicação das células e na formação de proteínas estruturais e da hemoglobina. Sua forma natural, o folato, pode ser encontrada em vegetais de folhas verde escuras, como couve, brócolis e espinafre, mas não nas quantidades necessárias para prevenção dos problemas.
Pesquisa
Apesar de a recomendação parecer óbvia, a suplementação com ácido fólico antes e durante a gestação não está totalmente consolidada no País. Pesquisa feita pela Febrasgo com 494 mulheres, entre usuárias de planos de saúde e do SUS, apontou que 58% (286) delas engravidaram sem planejar e só 13,8% (68) receberam orientação e usaram ácido fólico no período.
Além disso, o levantamento aponta que só 3,8% tomaram o suplemento na dose recomendada: 400 microgramas por dia. “Os dados demonstram que as mulheres não conhecem os efeitos do ácido fólico. Quase 90% delas engravidaram sem utilizar a suplementação necessária. E não dá para dependermos apenas da alimentação”, diz Eduardo Borges da Fonseca, presidente da Comissão de Medicina Fetal da Febrasgo e responsável pela campanha pelo ácido fólico.
Segundo Fonseca, mesmo que a mulher tome o suplemento por mais meses antes de engravidar não há problemas. “Estudos feitos pelo CDC (Centro de Controle de Doenças, nos EUA) com mulheres que tomaram ácido fólico na dose recomendada por mais de 12 meses antes de engravidar apontam redução da incidência de parto prematuro”, afirmou.
Prevenção primária
Fonseca diz que a intenção do manual é promover a prevenção primária das duas doenças. Para isso, a Febrasgo imprimiu e vai distribuir nos consultórios médicos 3 milhões de folhetos com a campanha Ácido Fólico Já para esclarecer a população.
A Febrasgo também vai pedir uma audiência no Ministério da Saúde para apresentar a campanha e pedir auxílio para orientar os profissionais da rede pública.
A ideia, diz Fonseca, é que os médicos conversem com as mulheres sobre a importância do ácido fólico até mesmo nas consultas simples, de rotina, e não necessariamente apenas quando a mulher quer engravidar.
Fonte Estadão
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