Aumento do consumo alimentar em restaurantes e maior procura por comidas prontas preocupa nutricionistas
Com o mercado de trabalho aquecido, aumenta a população que se alimenta em restaurantes, lancherias, refeitórios de empresas ou que levam sua "marmita" de casa. Além das consequências para o bolso — despesas com alimentação fora do domicílio já representam 31,1% do total de gastos dos brasileiros com alimentos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) — a saúde também pode sair prejudicada.
Quase metade dos adultos no Brasil está com sobrepeso e chega a 15% a taxa de obesidade. Considerando que o excesso de peso é fator de risco para doenças crônicas não transmissíveis, como câncer, diabetes, enfermidades respiratórias e doenças cardiovasculares, refletir sobre a qualidade nutricional e a segurança dos alimentos é sinônimo de qualidade de vida.
Marcando a passagem do Dia do Nutricionista, comemorado em 31 de agosto, o conselho federal da categoria lançou a campanha "Alimentação Fora do Lar". Durante um ano, serão realizadas ações em todo o país para conscientizar a população sobre a escolha de alimentos saudáveis, desde combinações e substituições de alimentos, até a interpretação de rótulos de produtos industrializados e a escolha do restaurante adequado para as refeições.
— É papel dos conselhos profissionais orientar a sociedade. As doenças cardiovasculares tiveram um aumento na incidência no mundo todo e elas são totalmente preveníveis com um estilo alimentar adequado — destaca a nutricionista Carmem Franco, presidente do Conselho Regional de Nutrição (CRN) do Rio Grande do Sul.
Conscientização deve ser permanente
Na avaliação do cardiologista Justo Leivas, presidente da Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul (Socergs), é importante abordar esse assunto de maneira continuada, assim como outros fatores de risco para o desenvolvimento da doença cardiovascular, como o sedentarismo e o tabagismo.
— A informação nunca esteve tão disponível como nos dias de hoje, mas paradoxalmente, nunca tivemos números tão assustadores em relação às consequências de hábitos alimentares errados para a saúde. Talvez tenhamos que ser mais incisivos, através de leis, como a proibição do sal nas mesas dos restaurantes e fabricação de produtos menos calóricos — comenta o médico.
O Ministério da Saúde firmou um acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) na terça-feira, para redução da quantidade de sódio em alimentos industrializados, como temperos prontos, margarina vegetal e cereais matinais.
Uma projeção da OMS indica que o Brasil será o primeiro em indívíduos acima do peso considerado saudável, se não mudar o curso de seus hábitos nos próximos 20 anos.
Sinaleira da saúde
Sinal vermelho — evite frituras, alimentos com excesso de gorduras, excesso de sal e de açúcar, sucos artificiais ou adoçados, refrigerantes, biscoitos recheados e salgadinhos.
Sinal amarelo — cuidado com o excesso de carboidratos refinados, como pães, massas, biscoitos, arroz branco, farinhas e outros.
Sinal verde — prefira água, frutas, verduras cruas, legumes, feijões, lentilha, carnes magras (ex.: frango sem pele, peixes, suínos e bovinos), ovos, alimentos integrais, oleaginosas (ex.: amendoim, nozes e castanhas).
Dez passos para uma alimentação saudável
1. Faça pelo menos três refeições e dois lanches por dia. Inicie por um café da manhã saudável. Não pule as refeições.
2. Consuma até seis porções ao dia de cereais (milho, trigo, pães e massas), tubérculos (batatas), e raízes (aipim) nas refeições. Prefira grãos integrais e alimentos naturais.
3. Aumente e varie os tipos de frutas, verduras e legumes. Consuma seis porções ao dia.
4. Coma arroz e feijão, no mínimo, cinco vezes por semana. Esse prato brasileiro é uma combinação completa de proteína e outros nutrientes.
5. Consuma diariamente três porções de leite e derivados e uma porção de carne, aves, peixes ou ovos. Prefira esses alimentos sem gordura.
6. Reduza o consumo de alimentos gordurosos: frituras, no máximo, uma vez por semana; óleos vegetais, azeite, manteiga, no máximo, uma porção por dia.
7. Evite o consumo de bebidas alcoólicas, refrigerantes, sucos artificiais, doces e guloseimas.
8. Reduza o consumo de sal. Tire o saleiro da mesa.
9. Mantenha-se hidratado. Beba, pelo menos, dois litros de água por dia.
10. Torne sua vida mais saudável. Pratique atividade física por 30 minutos ao dia e mantenha seu peso adequado.
Fonte: CFN, baseado no Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde
Por Zero Hora
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