"Se a dor te dilacera, não desesperes nunca; ora, confia e espera." O ditado que se fez popular está tão gravado nos azulejos de um mural nos Açores como na atitude do povo que inventou o fado, mas não reflecte a sabedoria médica em matéria de dor crónica, uma patologia que não pode ser negligenciada.
"Quanto mais tarde se procura ajuda, mais grave se torna o problema e mais variada e potente deverá ser a medicação analgésica. Lembro que em 31% dos casos de cancro a dor é o primeiro sintoma", alerta Paulo Reis Pina, especialista em medicina da dor. De acordo com Duarte Correia, presidente da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED), "estima-se que a dor crónica atinja mais de 30% dos adultos portugueses. As repercussões de natureza económica são elevadas, estimando-se que o custo anual da doença seja superior a 3 mil milhões de euros".
Apesar do seu comprovado impacto social e económico, há ainda muito a fazer para travar esta ‘epidemia silenciosa’.
"A inexistência formal de uma rede de referenciação para aMedicina da Dor, o insuficiente número de consultas ou Unidades de Tratamento da Dor, os recursos limitados, as deficiências de formação e a escassez de profissionais de saúde nesta área de conhecimento não são facilitadores na melhoria da acessibilidade ao tratamento da dor", contextualiza Duarte Correia.
O meu caso: Américo Petiz
Queda condiciona mobilidade
Uma queda durante a prática de salto à vara, aos 13 anos, retirou a Américo Petiz a mobilidade sem condicionalismos. Com a colecção dos dias vieram asdores mais intensas na zona lombar, da cervical e dos membros inferiores. "Ia na rua e as dores eram tantas e tão fortes que tinha de parar de andar." Américo, técnico de informática residente no Montijo, foi então sujeito a três intervenções cirúrgicas, a última das quais em 2010, devido à listese lombar, doença que se caracteriza pelo escorregamento para a frente de uma vértebra em relação a outra. Embora tenha recuperado alguma mobilidade, uma queda no local de trabalho agravou oestado de saúde de Américo. Hoje, recorre às consultas da dor, todos os meses, no Hospital do Barreiro, para ter alguma qualidade de vida, e aguarda pela junta médica para pedirreforma antecipada. "Tenho cuidado com a alimentação e tenho de aquecer os músculos antes de começar a andar. Evito sair,tenho receio de cair. Mas tenhoo apoio e a ajuda da família".
Fonte Correio da Manhã
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