Pesquisa mostra que 14% dos homens sofrem de depressão pós-parto |
Especialistas alertam: além de não serem
imunes a uma lista extensa de problemas clínicos, a população masculina também é
sensível a muitas doenças que pareciam ser só coisa de mulher.
Se eles estão livres da temida TPM, os que já passaram dos 50 anos não têm
tanta sorte assim quando o assunto é menopausa. Depressão pós-parto e câncer de
mama são outros exemplos que também ameaçam a saúde dos homens.
Um em cada 10 pais sofre de depressão pós-parto
As mulheres já haviam percebido que as mudanças trazidas pela chegada do bebê
também mexiam com a cabeça dos papais. Agora, uma pesquisa publicada este ano no
Journal of the American Medical Association confirmou que eles também sofrem de
depressão pós-parto. Uma escola médica dos Estados Unidos acompanhou 28 mil
novos pais e identificou que 14% deles sofrem de depressão.
Giselle Groeninga, psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São
Paulo, diz que as transformações do homem contemporâneo fizeram com que eles
procurassem mais ajuda aos transtornos psíquicos. “Acabou aquela história de que
homem não chora”.
Com isso, eles ficaram mais atentos aos fenômenos internos. E a chegada de um
filho significa a relação com uma mulher mais dividida e uma expectativa enorme
com relação ao desempenho. “O amor ao filho não é tão imediato assim – e deve
ser construído em meio às demandas, ao trabalho e às mudanças na dinâmica do
casal que agora deve acolher um terceiro que, como dizem os adolescentes, “chega
chegando”, explica.
Por isso, os pais podem ficar mais chorosos, quietos, tristes, sem ânimo e
sem fome por um período. Um outro sintoma que incomoda bastante é que este
turbilhão de novos sentimentos pode fazer com que eles “falhem mais na hora
H”.
“Sem dúvida, o ‘órgão sexual’ mais importante é a cabeça. E o poder masculino
pode se ver um tanto diminuído com a chegada do bebê e a divisão de atenção.
Lógico que tudo vai depender da dinâmica do casal, e como ambos lidam com a
mudança do “enfim sós” para “agora somos três””, orienta a especialista.
Andropausa: queda hormonal afeta 21% dos homens com idade entre 50 e
80 anos
Quando a mulher encerra seu ciclo reprodutivo, há uma variação hormonal quase
imediata e que pode ser razoavelmente brusca. Com os homens é diferente. A
variação geralmente é mais gradual. “É muito raro acontecer com homens de 40 a
50 anos, a andropausa se manifesta mais comumente após os 60”, afirma Fernando
Almeida, urologista do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos. O problema
também não atinge todos os homens. A incidência estimada é de 21%, entre 50 e 80
anos, e de 35%, para homens com mais de 80 anos. Mas afinal, o que é essa
andropausa?
“É uma mudança no padrão hormonal masculino”, explica Almeida. Na verdade, o
termo “andropausa” foi substituído pelos médicos pela sigla DAEM, que significa
Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino.
As queixas sexuais são as principais responsáveis por levar o homem ao
consultório médico. As reclamações costumam ser relacionada à disfunção erétil,
queda de libido, redução do tempo de orgasmo, redução do volume ejaculado e
perda de sensibilidade do pênis.
Para verificar se a razão disso é hormonal e, portanto, consequência da DAEM,
é preciso fazer um exame de sangue. “A reposição hormonal é indicada para quem
tem testosterona total inferior a 230 ng/dl (nanogramas por decilitro)”, afirma
Luiz Carlos Gibertoni, urologista do Hospital Beneficência Portuguesa.
Se o resultado apresentar um nível entre 230 e 350 ng/dl, considerado
intermediário, é preciso fazer outro exame, para verificar a testosterona livre.
Se ela for menor, que 225, é preciso dar início ao tratamento.
“Caso não exista queda hormonal, os sintomas sexuais são resultados de
problemas psicossociais. É como o homem se aposentar e passar a ter sintomas de
depressão, que incluem problemas sexuais”, alerta o urologista.
Para estes casos, é indicado acompanhamento psicológico. Uma forma de
prevenir tais problemas por razões emocionais é com o planejamento da
aposentadoria, tendo em vista atividades e planos condizentes com a idade e o
momento da vida.
Outros sinais
Embora os sintomas sexuais sejam os mais chamativos para a DAEM, existem
outros sinais que a queda hormonal apresenta. Pode haver perda de sono, cansaço,
queda da massa e da força muscular, aumento da gordura abdominal, osteoporose e
desmotivação.
Todos também são sintomas pouco específicos, o que não exclui a necessidade
dos exames para verificar o nível de testosterona.
Reposição hormonal
A reposição hormonal pode ser feita com injeções a cada três semanas ou três
meses, dependendo do tipo de medicamento utilizado. Há também um gel de
testosterona, embora a eficácia de sua absorção seja questionada por alguns
médicos.
“É importante fazer um acompanhamento médico para verificar se o tratamento
não acelerou um processo latente de câncer de próstata”, alerta Gibertoni. Não
que a reposição hormonal cause câncer, mas ela pode acelerar um processo já
existente.
Os exames recomendados são de PSA (exame de sangue) e toque retal, entre
outros. No início do tratamento, é preciso fazê-los a cada três meses, mas
depois o prazo pode ser de seis meses.
E por falar em hormônio...
Parece loucura, mas homens também podem sofrer da
Síndrome do Ovário Policístico (SOP). Pelo menos é
o que sugerem dois médicos norte-americanos. De acordo com a hipótese proposta
por Razelle Kurzrocka e Philip R. Cohen, da Universidade de Houston, no Texas, a
síndrome seria causada por um componente genético que também pode estar presente
em homens, ou seja, o conjunto de sinais e sintomas que caracterizariam a
síndrome poderia aparecer em qualquer indivíduo com este componente genético,
independente da presença dos ovários.
O andrologista e professor da Universidade Federal do Paraná Fernando Lorenzini, alerta que é precoce e incorreto afirmar que a SOP existe em homens. Para ele, trata-se de uma teoria que ainda precisa ser comprovada com mais estudos.
O andrologista e professor da Universidade Federal do Paraná Fernando Lorenzini, alerta que é precoce e incorreto afirmar que a SOP existe em homens. Para ele, trata-se de uma teoria que ainda precisa ser comprovada com mais estudos.
Aproximadamente 1% dos casos de câncer de mama são diagnosticados em homens.
“O tumor, logo que aparece, está em contato com outras estruturas além do tecido
mamário. Então, quando o encontramos, em geral está em estágio mais avançado”,
afirma José Roberto Filassi, coordenador do setor de mastologista do Instituto
do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). Além disso, como o problema é raro
entre eles, o homem demora mais para procurar um médico. “Ele sente um caroço
duro, normalmente de um lado só, mas resolve esperar melhorar”, afirma o
mastologista.
Nos homens a doença aparece mais tarde, a partir dos 65 anos, em média. O
câncer cresce logo atrás da ponta do mamilo, tem o formato de uma bola, é
indolor e facilmente palpável. Além disso, o homem pode apresentar também
secreção sanguinolenta no local. Se a partir do exame clínico, houver suspeita
de tumor, o médico pode indicar um exame de imagem como a mamografia.
Para os homens, os fatores que aumentam o risco de desenvolver câncer são
histórico familiar, consumo de anabolizantes, exposição à radiação e a altos
níveis de estrogênio, doenças como cirrose hepática e disfunções comuns de
determinadas doenças, como a síndrome de Klinefelter.
O tratamento é igual em ambos os sexos – radioterapia, quimioterapia ou
mastectomia radical –, mas a cirurgia de retirada dos músculos peitorais e parte
da axila deixa sinais menos visíveis e geralmente não há necessidade cirurgias
de reparação.
Fonte iG
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