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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Açaí não é indicado para tratar desnutrição de pacientes com câncer

Pesquisa da USP investigou efeitos da fruta no trato da caquexia, uma inflamação crônica que leva a perda excessiva de peso
 
Estudos feitos no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) têm ajudado a esclarecer aspectos associados ao câncer, principalmente com relação a suplementação do açaí para tratar desnutrição de pacientes com a doença. Pesquisa mostra que a suplementação com composto de açaí pode funcionar como antiinflamatório, mas causa aumento significativo da massa tumoral.
 
A constatação faze parte de pesquisas conduzidas pela professora associada do ICB, Marília Seelaender, que busca caracterizar a caquexia associada ao câncer, que consiste em uma inflamação crônica dos órgãos levando a desnutrição e perda excessiva de peso. A pesquisadora investigou a suplementação com açaí em casos de caquexia em seu mais recente trabalho científico concluído a respeito do tema.
 
" A caquexia se manifesta em 80% dos casos terminais e é responsável pela morte de mais de 20% dos pacientes com câncer. Ainda assim, é tratada por meio da reposição calórica, a qual tem se revelado completamente inócua" , disse Seelaender.
 
Muito além de uma dieta de calorias o que, segundo ela, é a recomendação mais comum para atenuar a caquexia , a pesquisa propôs analisar o efeito desse alimento em uma dieta de longo prazo, visando à modulação da expressão gênica pelo nutriente da fruta.
 
Sabe-se que o açaí tem propriedades antiinflamatórias em sua composição natural. No entanto, os estudos feitos no ICB verificaram que, em bebidas comerciais, com a adição de xarope de glicose, os ganhos metabólicos dos nutrientes são eliminados.
 
" Essa constatação foi feita na primeira fase do projeto, quando testamos bebidas de açaí encontradas em supermercados na suplementação de ratos sadios. Pudemos notar início de esteatose ou fígado gorduroso , redução de enzimas ligadas ao metabolismo da glicose e aumento de peso e adiposidade" , destacou Seelaender.
 
Na segunda etapa da pesquisa, o xarope de glicose foi substituído por mel orgânico, que tem propriedades antiproliferativas. " Dessa vez, comprovamos que, tanto nos animais sadios como nos que portavam tumor, a ingestão desse suco finalmente fez com que a propriedade antiinflamatória do açaí se manifestasse" , disse Seelaender.

Aumento tumoral
Outra propriedade do açaí, ainda mais conhecida do que a antiinflamatória, é a antioxidante. Seelaender e equipe procuraram verificar se a suplementação com suco de açaí e mel resultava na redução do estresse oxidativo relacionado à caquexia.
 
" A ingestão desse composto diminuiu a concentração de malondialdeído que é um elemento pró-oxidante apenas em ratos sadios. Além disso, em animais doentes, ela causou um aumento significativo da massa tumoral" , disse.
 
O resultado é que, embora os nutrientes do açaí tragam melhorias em relação ao perfil antiinflamatório do organismo, eles não são eficientes no combate ao estresse oxidativo e ainda podem resultar no crescimento do tumor.
 
" Por conta disso, não indicamos a suplementação com açaí para o tratamento da caquexia associada ao câncer" , advertiu Seelaender, que, atualmente, realiza testes em humanos, para analisar as consequências da prática de exercícios físicos no combate a esse sintoma.
 
Segundo a pesquisadora, essa relação já havia sido estudada em ratos com resultados surpreendentes. " Todos os sintomas da caquexia foram contrabalançados pela atividade física regular e, em humanos, já temos notado inclusive uma diminuição da massa tumoral" , disse.

Com informações da Fapesp
 
Fonte isaude.net

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