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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

FDA investiga elo entre energético e mortes nos EUA

Cinco pessoas podem ter morrido nos últimos três anos depois de tomar Monster Energy, uma bebida energética popular que tem alto teor de cafeína. É o que revelam boletins de ocorrência divulgados recentemente pela Food and Drug Administration (FDA - a Administração de Alimentos e Drogas).
 
Como é o caso de boletins semelhantes registrados junto ao FDA em casos ligados a medicamentos ou aparelhos médicos, os boletins não comprovam uma ligação entre o consumo de Monster Energy e os óbitos ou problemas de saúde. Os boletins foram obtidos recentemente, graças à Lei de Liberdade de Informação, pela mãe de uma garota de 14 anos do Estado de Maryland que morreu em dezembro de arritmia cardíaca, depois de tomar latas grandes de Monster Energy por dois dias consecutivos.
 
Na semana passada, Wendy Crossland, a mãe da adolescente em questão, moveu uma ação contra a Monster Beverage, empresa de capital aberto de Corona, Califórnia, antes conhecida como Hansen Natural. A ação alega que a Monster não avisou os consumidores sobre os riscos de suas bebidas energéticas. Uma porta-voz da companhia declarou na semana passada que seus produtos são seguros e não são a causa da morte da adolescente.
 
A porta-voz em questão, Judy Lin Sfetcu, acrescentou que a Monster "não tem conhecimento de qualquer morte em qualquer lugar que tenha sido provocada por suas bebidas".

No final do pregão, as ações da Monster Beverage apresentavam queda de mais de 14%, depois de ser divulgado o anúncio da FDA.
 
Em entrevista, uma porta-voz da FDA, Shelly Burgess, disse que a agência recebeu informações sobre cinco mortes possivelmente ligadas à bebida, além de um relato sobre um ataque cardíaco não fatal. Os relatos cobrem o período de 2004 a junho deste ano, mas todas as mortes ocorreram em 2009 ou mais tarde. Alguns boletins de ocorrência adicionais aludiram a outros eventos adversos, como dor abdominal, vômito, tremores e arritmia cardíaca.
 
Os boletins não deixam claro se houve outros fatores envolvidos nos incidentes, como álcool ou drogas. Mas o número de relatos que a FDA recebe sobre qualquer produto que regulamenta geralmente subestimam em muito o número real de problemas.
 
A divulgação dos boletins sobre o Monster Energy podem levar ao aumento dos chamados no Congresso por uma regulamentação maior do setor das bebidas energéticas. A bebida Monster Energy é uma entre dezenas de bebidas energéticas, como Red Bull e Rock Star, e "injeções" energéticas como a 5-Hour Energy, que empresas estão promovendo agressivamente junto a adolescentes e jovens.
 
Em comunicado, a porta-voz da FDA disse que cabe aos fabricantes de bebidas energéticas investigar acusações de mortes ou lesões associadas ao consumo de seus produtos. Ela disse que a FDA ainda está analisando os casos, mas ainda não determinou uma relação causal entre as mortes e a bebida.
 
Mas a divulgação dos boletins da FDA pode também levantar questões sobre o monitoramento da segurança dos produtos energéticos por parte de seus produtores, e sobre se a FDA fiscaliza essas atividades.
 
Na noite de segunda-feira, Sfetcu, a porta-voz da Monster Beverage, disse que a empresa não tinha recebido cópias dos boletins de ocorrência da FDA sobre possíveis mortes vinculadas a seus produtos, com a exceção do boletim registrado sobre a morte em dezembro da adolescente do Maryland, Anais Fournier. A porta-voz disse não saber se a empresa monitorou ativamente o banco de dados da FDA que reúne boletins sobre ocorrências desse tipo.
 
A Monster Beverage produz bebidas energéticas diversas com nomes como Monster Rehab, Monster Assault e Monster Heavy Metal. Os rótulos dos recipientes afirmam que os produtos "não são recomendados" para alguns consumidores, incluindo crianças --definidas pelos produtores de bebidas como menores de 12 anos-- e pessoas "sensíveis" à cafeína.
 
Pelas normas vigentes da FDA, as empresas não são obrigadas a revelar os teores de cafeína de suas bebidas e podem optar por vender seus produtos como bebidas ou suplementos alimentares. Essas diferentes categorias possuem normas diferentes sobre rótulos e ingredientes.
 
Adultos saudáveis podem consumir cafeína em grandes quantidades de fontes como café, chá preto e bebidas energéticas, mas a cafeína, droga que atua como estimulante, pode trazer riscos para pessoas com condições subjacentes como problemas cardíacos.
 
A lata de 0,68 litro de Monster Energy, do tipo que Anais Fournier consumiu, contém 240 miligramas de cafeína.
 
A ação judicial aberta na semana passada em nome da adolescente alude a relatórios de autópsia e médico legista segundo os quais ela morreu de "arritmia cardíaca devida a toxicidade por cafeína", que teria exacerbado um problema cardíaco já existente. O relatório também indicou que a adolescente sofria de síndrome de Ehlers-Danlos, que pode afetar os tecidos conectivos do corpo, incluindo os vasos sanguíneos.
 
Um advogado da família de Fournier, Kevin Goldberg, disse que a garota de 14 anos tinha consciência de ter um problema cardíaco, mas que seus médicos não lhe tinham recomendado limitar suas atividades físicas ou seu consumo de cafeína.
 
Numa carta de abril citando a morte da adolescente, o senador democrata Richard Durbin, do Illinois, exortou a FDA a regulamentar os níveis de cafeína em bebidas energéticas.

Em agosto, representantes da FDA responderam dizendo que não há evidências suficientes para que sejam tomadas medidas sobre os níveis de cafeína em bebidas energéticas. Mas a agência também observou que ainda não tinha recebido relatórios médicos sobre a morte da adolescente de Maryland.
 
Fonte Folhaonline

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