Olheiras, sinais de cansaço, bocejos. A sonolência excessiva diurna não é
novidade para ninguém. Muitos atribuem às noitadas e diversão excessiva no final
de semana. Outros às horas em excesso na frente do computador durante a
noite.
Fatores ambientais, é claro, contribuem. Mas além disso a má alimentação (que
pode levar à deficiência de ferro e anemia, por exemplo) também pode contribuir
para essa sonolência, sem contar os diversos problemas ligados ao sono em si,
como a apnéia e a insônia (leia mais AQUI).
Outro alerta: sono em excesso pode ser a indicação de outros condições
neurológicas, como estágios iniciais da Doença de Parkinson ou o Alzheimer. E
para aqueles que costumam se vangloriar de dormir em qualquer lugar, é bom ficar
atento: a causa pode ser algum nível da narcolepsia (cujo sintoma nem sempre é
despencar de sono em qualquer lugar), uma condição neurológica mais comum do que
se pensa.
“O principal fator clínico de piora no sono noturno e consequente aumento da
sonolência excessiva diurna, com certeza é a apnéia do sono. O distúrbio
respiratório atinge 1 em cada 100 pessoas”, afirma Rubens Reimão, professor e
pesquisador da Faculdade de Medicina da USP. Normalmente esse problema não é
difícil de diagnosticar, já que envolve o ronco excessivo.
Além disso, outros problemas associados ao distúrbio são facilmente notados
por qualquer profissional de saúde. “O tratamento normalmente envolve controle
da obesidade, e da hipertensão que, associados à apnéia podem aumentar em 20% os
riscos de um acidente vascular cerebral (AVC) e aproximadamente o mesmo valor
para os riscos de infarto do miocárdio”, alerta Reimão (leia mais sobre o tema
AQUI).
Outro fator que contribui para a diminuição de horas dormidas é, realmente, a
internet. “O abuso da internet tem aumentado os distúrbios de sono e é apontado
com uma das causas da sonolência excessiva diurna, especialmente entre
adolescentes”, aponta o pesquisador. E este comportamento pode ou não estar
associado ao uso de drogas, inclusive as lícitas, como remédios que alteram
metabolismo, e o abuso de bebidas energéticas.
Dormir em qualquer lugar
Mas aquelas pessoas que parecem dormir em qualquer lugar (especialmente nas
carteiras de escolas durante a aula) podem não estar somente cansadas ou
sofrerem de algum distúrbio do sono. A narcolepsia, doença neurológica que tem
uma incidência de 1 em cada 40 mil pessoas e caracterizada por episódios
irresistíveis de sono profundo a qualquer hora do dia, pode demonstrar os
primeiros sintomas por volta dos 11 anos de idade.
“Mesmo com a baixa incidência é bom notar que as pessoas levam, em média,
quase 14 anos para procurar a ajuda de um especialista ou serem diagnosticadas.
É quando, além dos estudos, esses jovens começam a ter problemas constantes no
trabalho ou passam por algum incidente grave, como dormir enquanto dirige”,
observa o especialista.
O tratamento, nesse caso, é feito com medicamentos estimulantes. “É o mesmo
remédio, que é receitado por especialistas, para pessoas que têm algum outro
problema com a desregulação do sono, como os trabalhadores que ficam muito tempo
assumindo turnos erráticos e depois precisam regularizar seu ritmo durante o
dia”, explica Reimão.
Importância do sono noturno
De qualquer forma, quando há alguma alteração no ciclo do sono (dorme-se
pouco durante a noite e sente-se sonolento durante o dia) é importante procurar
saber o que está acontecendo. Acidentes de trabalho e automobilísticos podem,
muitas vezes, ter origem nesse tipo de problema. Mau humor constante,
agressividade exagerada e problemas de atenção e memória são outras
características que podem ser associadas à falta de um ritmo adequado de
sono.
O cérebro tem horários específicos para produzir algumas substâncias
necessárias para o seu bom funcionamento. Determinadas proteínas, por exemplo,
são produzidas somente durante as fases de Movimento Rápido dos Olhos (Sono REM)
e que só acontecem durante a noite.
Uma hora a menos de sono pode significar alguns períodos REM perdidos e,
portanto uma diminuição de algumas proteínas, o que pode comprometer o
funcionamento ideal do cérebro. Por tudo isso é bom saber que dormir, ao
contrário do que muitos afirmam, não é perda de tempo.
Fonte O que eu tenho
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