Brasília - No Dia do Médico, comemorado ontem (18), o presidente do Conselho
Federal de Medicina (CFM), Roberto Luiz d'Avila, diz que o país está prestes a
viver uma crise no sistema de saúde suplementar. “Os médicos estão se
descredenciando das operadoras [de plano de saúde]. Daqui a pouco vai ter mais
gente comprando plano de saúde e menos médicos querendo trabalhar com operadoras
porque não nos respeitam. É um jogo burro”, disse o presidente.
D'Avila diz que os médicos não querem mais trabalhar por cerca de R$ 40 por
consulta, o que relata que pagam os planos de saúde e que, além disso, as
“interferências antiéticas” feitas pelos planos de saúde na relação
médico-paciente estão “insustentáveis”.
Entre as interferências antiética, d'Avila citou que “existem médicos que
estão com limitação de pedir exames; muitas vezes você tem que seguir regras,
tipo protocolos e diretrizes, que eles [as operadoras de plano de saúde]
estabelecem e existe limitação de autonomia profissional”.
Os embates existentes entre médicos e planos de saúde foram motivo de atos
públicos feitos pelos médicos contra o que eles chamam de “abusos praticados
pelas empresas da saúde suplementar”. De acordo com o CFM, os médicos de 21
estados confirmaram este mês a suspensão dos atendimentos de consultas, exames e
outros procedimentos eletivos por planos de saúde como forma de protesto.
"Eu vejo a possibilidade de um caos muito breve na saúde suplementar. Elas
[operadoras de planos de saúde] se recusam sequer a conversar conosco. Agora são
15 dias de paralisação de atendimento. Já houve várias paralisações de um dia",
disse d'Avila.
Três entidades médicas nacionais aproveitaram a data para destacar os
principais problemas da saúde brasileira por meio de uma carta enviada ao
Ministério da Saúde. A Associação Médica Brasileira (AMB), o Conselho Federal de
Medicina (CFM) e a Federação Nacional dos Médicos (Fenam) dizem na carta que a
crise na saúde pública já está instalada.
Falta de investimento e “ação limitada” da Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS) no controle da ação dos planos de saúde são problemas que a
categoria cita na carta elaborada pelas entidades médicas. “Há uma inércia do
poder politico. Faltam políticas publicas de saúde,” diz o presidente da
CFM.
Para que haja uma mudança de quadro, as três entidades sugerem que haja uma
aplicação de 10% da renda bruta nacional na saúde e a adoção de parâmetros
nacionais de cargos, carreiras e vencimentos para os médicos e outros
profissionais da saúde.
“Falta uma carreira de Estado para toda área de saúde”, diz o presidente do
CFM, sugerindo como solução para a valorização da profissão a criação de uma
carreira de Estado, com dedicação exclusiva, assim como ocorre com a
magistratura e com os membros do Ministério Público. Ele acredita que isso
também resolveria o problema da falta de médicos em locais de difícil
provimento.
“Dinheiro há. Mas [o governo] tem que corrigir os desvios da gestão
fraudulenta”, diz d'Avila.
Fonte Agência Brasil
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