Popularmente conhecida como “ovo cego”, ela ocorre quando o óvulo fertilizado pelo espermatozoide se implanta no útero mas não se desenvolve. |
Para alguns casais, a alegria e a expectativa de uma nova vida que se forma é substituída pela frustração de saber que a gestação não foi adiante. Ainda assim, o teste de gravidez continua dando positivo e a mulher segue com todos os sintomas.
É a situação enfrentada em caso de gravidez anembrionada – ou anembrionária. Popularmente conhecida como “ovo cego”, ela ocorre quando o óvulo fertilizado pelo espermatozoide se implanta no útero mas não se desenvolve.
As células que deveriam dar origem ao embrião não conseguem terminar seu trabalho, gerando cromossomos a mais ou a menos. Apesar dessa disfunção, os hormônios da gravidez continuam sendo produzidos e o corpo não reconhece que o saco gestacional está, na verdade, vazio.
Normalmente, não há sintomas que indiquem o problema – eles só aparecem quando o aborto acontece espontaneamente. Até lá, a mulher continua se sentindo grávida, com sono e seios inchados e sensíveis. Geralmente, a mulher descobre o problema nas primeiras ultrassonografias.
O ginecologista e obstetra Cristiano Caetano Salazar, do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, explica que a gravidez anembrionada é uma das causas mais comuns de aborto espontâneo no primeiro trimestre de gravidez – cerca de 20% do total das gestações humanas resultam em aborto neste período.
O diagnóstico dessa condição ocorre por meio da ecografia transvaginal.
“Trata-se de uma gestação em fase inicial em que não detectamos a formação do embrião”, diz o obstetra. O médico esclarece que é mais comum encontrar alterações cromossômicas nesses embriões que não se desenvolvem do que naqueles que seguem a gestação até o fim – cerca de 89% das gestações anembrionadas têm alteração desse tipo.
Entre as causas listadas pelo especialista para uma gravidez anembrionada, estão a idade da mulher (superior aos 35 anos), o consumo frequente de álcool, o fumo, a exposição a algumas medicações, algumas doenças crônicas e história prévia de outros abortos espontâneos.
Outra explicação está ligada ao homem: espermatozoides com alterações cromossômicas também podem levar a uma gravidez sem embrião.
“Quando uma mulher já teve uma gravidez anembrionada a chance de acontecer novamente com ela é um pouco maior do que a chance de uma mulher que não passou por isso”, afirma o obstetra.
O especialista em reprodução humana Nilo Frantz recebe em sua clínica casais que passaram por essa e outras situações que levaram ao aborto espontâneo. “A causa que leva uma mulher a abortar pode ser a mesma dela não conseguir engravidar com facilidade”, afirma Frantz.
Após descobrir que não há embrião, pode-se tomar dois caminhos: esperar por um aborto espontâneo ou fazer a curetagem. O médico sempre indicará o tratamento mais adequado para cada paciente. É o profissional quem vai orientar o tempo de espera para tentar engravidar novamente.
Fonte iG
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