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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

20% das bactérias da pneumonia apresentam resistência a antibióticos

Medida sanitária que exige retenção das receitas nas farmácias não freou venda dos remédios
 
Uma em cada cinco bactérias que circulam no Brasil e provocam pneumonia apresenta algum grau de resistência aos antibióticos.
 
O índice de não resposta aos tratamentos é considerado alto pelos infectologistas que alertam para o fato da doença ser líder entre as causas de morte evitável em crianças e idosos do País.
 
O levantamento que detectou a multirresistência dos germes causadores das doenças pneumocócicas é chamado SENTRY e foi feito com base em 325 amostras de bactérias do pneumococo (a principal causadora da contaminação), coletadas de pacientes de todo o Brasil.
 
Além de constatar que 20,2% delas apresentam “resistência intermediária” às drogas desenvovlidas para combatê-las, a mesma análise mostrou que 3,3% dos agentes infecciosos simplesmente não apresentam nenhuma reação aos remédios.
 
Uma das razões apontadas pelos especialistas para a indiferença das bactérias aos medicamentos que circulam atualmente – um relatório feito pela Universidade Médica de Madrid mostrou que o crescimento da resistência bacteriana foi de 300% nos últimos 20 anos – é o “consumo exagerado” dos antibióticos.
 
O presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Roberto Stirbulov, acredita que esta infestação de bactérias superpoderosas é “um dos problemas de saúde pública mais graves da atualidade”, já que restringe as armas médicas para vencer a doença que interna 1.374 pessoas por dia no País.
 
Para tentar reverter o quadro, em outubro de 2010, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) lançou uma medida de restrição à venda dos antibióticos. Desde esta data, drogas deste tipo só podem ser vendidas caso os farmacêuticos retenham a receita médica no estabelecimento. A aposta do governo federal é que fechar o cerco desta forma impediria a automedicação e o consumo inadequado.
 
Mas o relatório produzido pelo Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado de São Paulo (Sindusfarma) mostra que a medida sanitária não freou a venda dos antibióticos. Em novembro de 2010, foram comercializados 8.708 caixas de antibióticos, número que caiu para 6.885 caixas no mês seguinte (primeiro mês com a restrição em vigor) e ficou na casa dos 6 mil até março de 2011.
 
A partir deste período, a venda voltou a crescer e desde maio do ano passado alcança mensalmente a marca de cerca 8.700 unidades comercializadas. Em março deste ano, último mês de análise, o número registrado foi de 8.651 unidades.
 
Excesso de receita
Os dados do Sindusfarma endossam a avaliação do presidente da Sociedade de Pneumologia de que, mais do que automedicação, o que existe hoje é um excesso de prescrições de antibióticos por parte dos médicos.
 
“Muitas vezes essas drogas são prescritas de maneira equivocada, para tratar infecções virais e não bacterianas, por exemplo. Os médicos precisam estar envolvidos nesta tentativa, em curso no mundo todo, para barrar a resistência bacteriana”, afirmou Stirbulov durante o congresso latinoamericano realizado em Bogotá (Colômbia) entre 28 de maio e 2 de junho, sobre os avanços da pneumonia em países em desenvolvimento.
 
Monitorar se alguns profissionais de saúde estão prescrevendo antibióticos demais, afirmou a Anvisa, será possível com o próximo passo já planejado pelo governo federal. Segundo informou a assessoria de imprensa da pasta, a partir de janeiro de 2013, além de reter a receita médica no estabelecimento, o farmacêutico vai precisar preencher um cadastro eletrônico com o nome e o registro profissional do médico autor da prescrição.
 
Esta medida foi adotada pela Anvisa em 2009 para as drogas voltadas ao emagrecimento e, segundo o primeiro relatório divulgado no ano seguinte, foi possível constatar que 2 toneladas de sibutramina eram comercializadas por ano no Brasil.
 
Com base no mesmo relatório, foi identificado que 62 médicos, de 11 Estados brasileiros, eram líderes em prescrições e eles tiveram de responder a questionamentos éticos por parte do Conselho Federal de Medicina.
 
Com o ingresso dos antibióticos neste mesmo sistema eletrônico, o monitoramento sobre a origem dos receituários poderá ser feito. O vice-presidente do Sindusfarma, Nelson Mussolini, acredita que qualquer medida que aumente o controle para o uso racional de medicamentos é bem-vinda.
 
“Isso não aumenta e nem diminui as vendas. Isso torna o acesso à droga mais racional. Nós vendemos ‘saúde em caixinha’ e queremos que as pessoas façam bom uso dos nossos produtos.”
 
Força-tarefa
Aumentar o rigor na utilização dos antibióticos faz parte das estratégias traçadas pela Organização Panamericana de Saúde (Opas) para conseguir conter as vítimas da pneumonia na América Latina – são duas mortes de crianças por hora. Nos últimos anos, as bactérias passaram apresentar resistência não apenas aos medicamentos como também às vacinas já existentes para proteger a infestação do pneumococo.
 
Somente no ano passado, uma farmcêutica conseguiu produzir uma dose capaz de vencer o subtipo 19A mutirresistente até mesmo à imunização. Esta vacina já é autorizada no Brasil para ser aplicada à crianças com menos de 5 anos e espera aprovação da Anvisa para poder ser aplicada em maiores de 50 anos. As doses, por ora, só estão em clínicas particulares por valor estimado em R$ 300.
 
Fonte iG

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