Procuradoria Geral da República pede a exclusão de seis tipos de despesa do cálculo dos gastos mínimos com saúde, estas somam R$ 2,2 bilhões na proposta orçamentária
A Procuradoria Geral da República (PGR) está disposta a questionar a lei orçamentária de 2013, a ser aprovada pelo Congresso, caso ela inclua, no valor mínimo a ser aplicado pela União em saúde, recursos para seis áreas: Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás); Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS); hospitais universitários ligados ao Ministério da Educação; Programa Academias de Saúde; além de saneamento básico e resíduos sólidos executados pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa).
As seis despesas foram incluídas no piso constitucional pelo Poder Executivo e somam R$ 2,2 bilhões na proposta orçamentária (PLN 24/12) em tramitação.
A decisão de recorrer à Justiça foi informada pelo subprocurador-geral da República Oswaldo José Barbosa Silva, em ofício ao presidente da Comissão de Seguridade Social e Família, deputado Mandetta (DEM-MS). O ofício foi encaminhado por e-mail na sexta-feira (14).
No texto, o subprocurador defende a posição da comissão, que pediu a exclusão dos seis tipos de despesa do cálculo dos gastos mínimos com saúde, por desrespeitarem a Lei Complementar 141/12 . A norma trata dos valores a serem aplicados anualmente por União, estados, Distrito Federal e municípios em ações e serviços públicos de saúde.
O colegiado presidido por Mandetta aprovou, no início do mês, um parecer com críticas ao que os deputados chamaram de “contrabando” do governo ao piso constitucional, e com o pedido de reclassificação das despesas. O receio dos parlamentares é que a “flexibilização” da lei – como eles trataram a decisão do Executivo – influencie os estados e municípios a adotarem iniciativa semelhante, incluindo nos seus orçamentos ações de outras áreas apenas com o objetivo de atingir os valores mínimos de gastos com saúde exigidos pela legislação. Texto semelhante foi aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado, que chancelou a iniciativa dos deputados.
“Faço votos que o parecer da Comissão de Seguridade Social prevaleça na Comissão Mista de Orçamento e no Plenário desta Casa de leis, pois, caso contrário, não havendo veto presidencial à inclusão, o assunto será certamente judicializado pelo Ministério Público Federal em defesa da Constituição Federal e da Lei Complementar 141”, afirma o subprocurador no ofício.
Recomposição
A decisão da PGR poderá repercutir na Comissão de Orçamento, onde a proposta orçamentária está na fase final de tramitação. Nessa segunda-feira (17), o relator-geral do texto, senador Romero Jucá (PMDB-RR), apresentou o parecer final ao projeto, no qual exclui somente duas das seis despesas questionadas pelas comissões do Congresso e pela Procuradoria da República: custeio da ANS e resíduos sólidos. Com isso, o piso constitucional, na proposta que irá à votação, ficou em R$ 90,9 bilhões.
Na semana passada, a Comissão de Orçamento aprovou o parecer setorial da saúde, de autoria do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), que acolheu integralmente os pareceres das duas comissões do Congresso. Ribeiro retirou as seis despesas do cômputo das ações com saúde, o que deixou o piso com um valor de R$ 87,5 bilhões – esse valor inclui a dotação original da proposta orçamentária (R$ 84,4 bilhões), acrescida das emendas parlamentares (R$ 3,1 bilhões).
Na avaliação de Romero Jucá, porém, a questão é de interpretação da lei complementar. Para ele, a norma abre espaço para a inclusão de pequenas despesas com saneamento. Além disso, o senador defende que a ampliação de leitos nos hospitais universitários e o investimento em hemoderivados devem ser vistos como ações integrantes do piso constitucional. “Estou cumprindo a legislação com o foco de privilegiar o gasto em saúde”, disse. Segundo Jucá, a inclusão tem o aval do governo.
O senador afirmou ainda que a inclusão das ações traz duas vantagens: primeiro, elas não poderão sofrer contingenciamento, pois são de execução obrigatória. Depois, o valor empenhado em um ano serve de base para o seguinte. “Em 2014, o governo terá de repetir pelo menos o valor de 2013”, afirmou.
Fonte SaudeWeb
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