O desenvolvimento emocional de bebês pode ser impactado por algo considerado inofensivo. De acordo com uma pesquisa americana, as chupetas podem fazer com que as crianças exercitem menos suas expressões faciais, o que levaria a uma pior identificação das mesmas em outras pessoas.
A pesquisa concluiu isso após uma série de pesquisas diferentes e que observaram outros tipos de problemas relacionados ao uso da chupeta. Além do desenvolvimento emocional, as chupetas também podem piorar o padrão alimentar dos bebês e também aumentar o risco de infecção nos ouvidos, graças a movimentação causada pelos maxilares durante a sucção das chupetas.
Os estudos foram publicados no periódico Basic and Applied Social Psychology e confirmam uma preocupação já levantada pela Organização Mundial de Saúde (OMC) que publicou diretrizes pedindo para que os profissionais médicos recomendem o controle do uso das chupetas, por essas serem causadoras de problemas de desenvolvimento da arcada dentária e dos músculos e ossos faciais.
“Quando pensamos no que outras pessoas ao nosso redor estão fazendo, nós normalmente criamos um laço de empatia. É assim que entendemos as emoções de outras pessoas. Se alguém está sorrindo ou carrancudo, isso nos dá pistas de como abordar aquela pessoa ou então evitá-la”, explica Paula Niedenthal, a principal autora do estudo.
Aprendizado comprometido
O aprendizado desse tipo de comportamento, nos bebês, se dá por imitação, e isso inclui copiar a linguagem corporal, movimentos e expressões faciais. É assim que as crianças aprendem e compreendem como lidar com as pessoas que as rodeiam.
“As chupetas podem, de diversas formas, fazer com que essa imitação e aprendizado sejam comprometidos, principalmente quando falamos de expressões faciais. Assim elas podem não aprender o significado dessas expressões e emoções associadas em outras crianças e pessoas”, explica a pesquisadora.
Resultados similares aos de adultos que usam botox
Os resultados, dizem os autores, são similares aos encontrados em estudos sobre o uso de botox para acentuar rugas na face, por exemplo. Diversas pesquisas já indicaram que pessoas que fazem uso constante desse tipo de técnica têm maiores dificuldades de reconhecer as expressões alheias.
“A infância é um período crucial para certos desenvolvimentos, incluindo o emocional. Qualquer coisa que comprometa minimamente essas fases e desenvolvimento podem se tornar problemas maiores no futuro”, diz Niedenthal e que descreveu em seu artigo como crianças entre 6 e 7 anos de idade que usavam chupeta constantemente tinham grande dificuldade de imitar expressões faciais ou compreendê-las.
Outro teste, feito com indivíduos em idade universitária, também observou que identificar emoções e humor era muito mais difícil para os participantes que haviam afirmado terem usado chupetas durante muito tempo na infância.
Homens são os mais impactados
“O mais interessante é que esses resultados negativos são muito superiores nos homens. Ao que parece as mulheres, aos poucos, revertem essa perda no desenvolvimento. Mas os homens as mantêm durante longo tempo”, diz a pesquisadora.
Niedenthal lembra entretanto, que a pesquisa não pretende demonizar a chupeta, que podem ser um grande auxílio em determinadas ocasiões e ajudam os pais a controlarem certas situações.
“Elas não são ruins o tempo todo, mas qual o limite para o uso? Então a ideia é definir os limites e alertar aos pais e pediatras que as chupetas podem piorar a única maneira que os bebês têm para se comunicar, o uso de estratégias não verbais. Sem saber explorar e reconhecer emoções elas podem ter problemas diversos no futuro, talvez de ansiedades, fobias ou outros transtornos”, finaliza.
Fonte O que eu tenho
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