Aplicativos, carreira, concursos, downloads, enfermagem, farmácia hospitalar, farmácia pública, história, humor, legislação, logística, medicina, novos medicamentos, novas tecnologias na área da saúde e muito mais!



terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Dieta com alimentos do Brasil reduz risco cardíaco

Equipe de nutricionistas do HCor adaptou receitas à realidade
brasileira: salmão e atum foram trocados por pescada e sardinha
Ingredientes da dieta mediterrânea, reconhecida por seu efeito protetor ao coração, foram substituídos por ingredientes brasileiros
 
A ideia é simples: substituir os alimentos da dieta mediterrânea por ingredientes brasileiros, mais baratos, respeitando as características regionais do país. Foi assim que nasceu a dieta cardioprotetora brasileira, num projeto do Hospital do Coração (HCor) em parceria com o Ministério da Saúde.
 
Os resultados, publicados em dezembro na revista científica Clinics, são otimistas: mostraram que os pacientes que receberam a dieta adaptada conseguiram perder peso e reduzir os índices de pressão arterial, a glicemia, o triglicérides e o índice de massa corporal (IMC).
 
Pacientes dos grupos-controle, que receberam a dieta mediterrânea, também melhoraram os índices, mas de maneira menos intensa. Agora a pesquisa será ampliada e realizada em 40 hospitais do Brasil, exclusivamente com pacientes do SUS.
 
A dieta mediterrânea é reconhecida por seu efeito protetor ao coração. Ela é composta por alimentos típicos de países banhados pelo Mar Mediterrâneo e baseada no alto consumo de peixes, frutas, legumes, cereais e azeite. Também estimula o consumo moderado de vinho.
 
Como parte desses alimentos é importada e cara para a população em geral, a proposta do ministério ao HCor foi a de criar um cardápio que conseguisse adaptar a dieta mediterrânea aos hábitos alimentares brasileiros, especialmente às pessoas das classes C e D, e testar se essa adaptação promoveria o mesmo efeito cardioprotetor.
 
— Essa é uma dieta direcionada para um público mais vulnerável, por isso precisava de uma abordagem especial. A gente espera aumentar a adesão por ser financeiramente mais acessível, já que valoriza alimentos regionais — diz Eduardo Fernandes Nilson, coordenador-substituto de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde.
 
A equipe de nutricionistas do HCor adaptou mais de cem receitas à realidade brasileira: salmão e atum foram trocados por pescada e sardinha; azeite extravirgem por óleo de soja; nozes por castanhas do Pará; queijo branco no lugar do amarelo; e leite desnatado em vez de integral.
 
— Temos grande diversidade de legumes, verduras, frutas e peixes. Selecionamos esses alimentos, disponíveis no Brasil inteiro, e adequamos para uma dieta — afirma Maria Beatriz Ross, nutricionista do Hcor.
 
Bandeira do Brasil
O cardápio adaptado contempla todos os tipos de alimentos. O diferencial é que eles foram divididos em três cores, de acordo com a bandeira brasileira: verde (frutas, verduras, legumes e desnatados), amarelo (pães, massas, arroz e batata) e azul (carnes, peixes e aves). A ideia é pensar na bandeira na hora de montar o prato, respeitando a proporção das cores.
 
— Alimentos do grupo verde devem ser consumidos em maior quantidade, os amarelos de forma moderada e os do grupo azul em menor quantidade. Usamos a bandeira como referência para facilitar o entendimento e a adesão dos pacientes — diz Beatriz.
 
Para iniciar o projeto-piloto, o hospital selecionou 120 pacientes após evento cardiovascular. Eles foram divididos em três grupos: um recebeu a dieta adaptada e orientação da nutricionista toda semana; outro recebeu a dieta mediterrânea e orientação semanal; e o último recebeu dieta mediterrânea e acompanhamento nutricional mensal.
 
Eles foram monitorados por três meses.
 
— A ideia era avaliar os efeitos bioquímicos nos pacientes que receberam a dieta adaptada e descobrir a influência do acompanhamento da nutricionista no processo — diz.
 
Segundo Beatriz, os resultados da fase-piloto são animadores porque mostram redução dos fatores de risco em todos os pacientes do grupo que recebeu a nova dieta.
 
— O número de pessoas com sobrepeso e obesidade no grupo que teve a intervenção da dieta adaptada caiu, o que não aconteceu de maneira significativa nos outros grupos.
 
A redução da pressão arterial também surpreendeu as pesquisadoras.
 
— Todos tomam medicação para controlar a pressão. Ainda assim, os índices melhoraram, o que mostra que uma alimentação saudável e acessível pode ajudar a pessoa a reduzir o uso de remédios — avalia.
 
Carlos Magalhães, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), apoia a proposta.
 
— Por enquanto, a dieta mediterrânea é a que mostra melhores resultados na prevenção de eventos cardiovasculares. Se conseguirmos adaptá-la à nossa realidade, será muito mais fácil conseguir a adesão da população — diz.
 
Fonte Estadão

Nenhum comentário:

Postar um comentário