Os agentes metabólicos do cigarro, que são inalados junto com a sua fumaça, irritam o delicado revestimento do aparelho urinário, chamado urotélio |
De acordo com Marcos Dall' Oglio, coordenador da Urologia do Icesp, os
agentes metabólicos do cigarro, que são inalados junto com a sua fumaça, irritam
o delicado revestimento do aparelho urinário, chamado urotélio. “E esse fenômeno
irritativo, causado por esses agentes do cigarro, no longo prazo, causa o câncer
de bexiga”, explica o médico.
A pesquisa divulgada ontem (4), Dia Mundial do Combate ao Câncer, serve como
alerta para mudança de hábitos como deixar o cigarro e manter atenção às
alterações na saúde. Isso, segundo o médico, contribui para a detecção precoce
do câncer de bexiga, uma vez que, quanto antes o problema é descoberto, maiores
são as chances de cura.
Dall' Oglio esclarece que processos irritativos da bexiga, como infecção
crônica, elevam os riscos do desenvolvimento do câncer. Entre os sintomas mais
importantes estão a sensação de ardência e a vontade de urinar a toda hora. De
acordo com ele, “88% dos casos também apresentam sangue ao urinar”.
O levantamento revelou, também, que metade dos pacientes com câncer de bexiga
iniciam o tratamento após um diagnóstico tardio. “Talvez, quando surgem os
sintomas, a pessoa não procura assistência médica, porque acha que vai melhorar,
ou talvez porque tenha tido dificuldade em fazer o diagnóstico”, disse Dall'
Oglio.
Por apresentar sintomas semelhantes a de outras doenças, como infecção
urinária, pedra na bexiga ou, em homens, uma próstata inchada, o câncer de
bexiga pode ter o diagnóstico retardado. “Esses sintomas urinários podem ser
motivo, às vezes, de confusão”, alerta.
O médico explica que pacientes do sexo masculino são os que sofrem mais com
esse tipo de câncer – para cada mulher diagnosticada, existem três homens com o
problema.
O levantamento mostrou ainda que há prevalência da doença em duas profissões:
motorista e profissionais que lidam diretamente com produtos químicos.
Suspeita-se que o alto número de motoristas com o câncer de bexiga tenha relação
com a baixa frequência com que vão ao banheiro e também com a menor ingestão de
líquidos.
No caso dos profissionais que lidam com produtos químicos, a exposição
prolongada – há mais de dez anos – aumentam o risco de se desenvolver um tumor
na bexiga. “Produtos a base de derivados do petróleo, como plásticos, elementos
e produtos de limpeza, têm o papel de exercer um fenômeno irritativo sobre as
vias urinárias”, disse. Esse contato, explica Dall' Oglio, ocorre por inalação
ou manuseio, fazendo com que os derivados químicos sejam absorvidos pelo
organismo.
O tratamento do câncer de bexiga, quando a doença é detectada no começo, é
feito por meio de cirurgia por dentro do canal da urina, para retirada do tumor.
“Isso quando o tumor é superficial, que não tem uma raiz mais profunda na
musculatura da bexiga”, explica. Em caso contrário, o tratamento com maior
chance de cura é uma cirurgia mais radical: “É retirar a bexiga ou fazer
radioterapia”, disse o médico.
Fonte Agência Brasil
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