O trabalho atual, de interface cérebro-máquina, é parte de um esforço internacional chamado Walk Again Project |
Ratos geralmente não podem ver a luz infravermelha, mas eles têm conseguido "tocar" esta luz em um laboratório da Universidade de Duke. Os ratos passaram a " sentir" a luz como uma sensação de toque após o neurobiólogo brasileiro, hoje um dos mais importantes pesquisadores da área em todo mundo, Miguel Nicolelis e sua equipe sintonizarem um detector de infravermelho ligado à eletrodos implantados na parte do cérebro que processa informações relacionadas com o sentido do tato em mamíferos.
" Uma das principais falhas das atuais próteses humanas controladas pelo cérebro é que os pacientes não podem sentir a textura do que tocam. Nosso objetivo é dar a tetraplégicos não apenas a capacidade de mover seus membros novamente, mas também de sentir a textura dos objetos colocados em suas mãos ou experimentar as nuances do terreno sob seus pés," afirma Nicolelis.
O estudo, publicado, em fevereiro, na revista Nature, mostra que o córtex dos ratos responde tanto ao sentido do tato simulado criado pelos sensores de luz infravermelha quanto ao próprio toque, como se o córtex fosse dividindo-se uniformemente de modo que as células do cérebro passem a processar os dois tipos de informações.
" Chegamos à conclusão que em vez de estimularmos um tipo particular de célula neuronal para gerar uma função desejada, a estimulação de uma ampla gama de tipos de células pode ajudar a região cortical a se adaptar a novas fontes sensoriais," disse Nicolelis.
Os estudos do pesquisador brasileiro já mostraram como as células cerebrais se conectam com eletrodos externos para interfaces cérebro-máquina e próteses neurais em pacientes humanos e primatas, dando-lhes a capacidade de controlar os membros, reais e virtuais, usando apenas suas mentes. Ele e sua equipe mostraram que os macacos, sem mover qualquer parte de seus corpos reais, poderiam usar a sua atividade elétrica do cérebro para guiar as mãos virtuais de um avatar, tocando objetos virtuais e reconhecendo suas texturas.
O trabalho atual, de interface cérebro-máquina, é parte de um esforço internacional chamado Walk Again Project (projeto andar novamente), que tem como objetivo construir um exoesqueleto de corpo inteiro, ajudando pessoas paralisadas a recuperar suas habilidades motoras e sensoriais. A expectativa da equipe é usar o primeiro exoesqueleto na cerimônia de abertura da Copa do Mundo de Futebol, em junho de 2014, no Brasil.
Miguel Nicolelis é professor de neurobiologia, engenharia biomédica e de psicologia e neurociência da Universidade de Duke. Ele também é fundador do Centro de Neuroengenharia de Duke. O brasileiro é formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e doutorado pelo Instituto de Ciências Biomédicas da própria USP.
Fonte isaude.net
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