Pesquisadores descobriram que alguma programação do corpo da mãe pode fazer com que o feto se torne uma criança ou adulto obeso. Esta programação passaria além da genética, e cientistas ainda buscam uma explicação biológica para o acontecimento.
Os cientistas acreditam que, ao descobrir o que poderia causar a obesidade, o problema poderia ser evitado para as próximas gerações.
Embora ainda haja discordância sobre a importância dos sinais passados pelo útero ao feto, especialistas cada vez mais acreditam que isto pode ser uma questão fundamental. Rudy Leibel, especialista em obesidade da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, acredita que a questão pode não ser tão importante, mas que vale a pena ser estudada. Além disso, Leibel afirma que, dependendo das descobertas, pode ser possível utilizar o conhecimento para prevenir ou tratar a obesidade causada por outros motivos.
Kathy Perusse realizou uma cirurgia para redução do estômago e perdeu quase 60 quilos, fazendo com que ela se livrasse dos problemas que sofria quando era mais obesa. Depois da cirurgia, Perusse teve duas filhas, além de já ter duas antes da operação. Seus dois filhos mais velhos, de 16 e 22 anos, também têm obesidade mórbida. Já as filhas mais novas, de 4 e 7 anos, estão tendo um crescimento e peso normais. Apesar disso, Perusse afirma que sua outra filha e o filho mais velho também tinham pesos normais até os 8 anos de idade. Para evitar futuros problemas, ela cuida da alimentação e faz exercícios com as filhas, para protegê-las do que ela chama de “genes podres”, que incluem os de seu marido, que pesa quase 200 quilos.
Entretanto, John Kral, do Centro Médico SUNY, acredita que a sua pesquisa sugere que mulheres obesas que perdem peso antes da gravidez podem estar ajudando a próxima geração a não ter problemas de excesso de peso. O estudo foi realizada com pesquisadores do Hospital Laval em Quebec, no Canadá, e analisou os filhos de mulheres com obesidade mórbida.
A pesquisa mostrou que os filhos nascidos após cirurgias feitas para a perda de peso têm menores chances de desenvolver a obesidade. Além disso, aqueles que nasceram depois da perda de peso têm menores níveis de gordura no sangue e indicadores de diabetes no futuro. Kral afirma que a maior parte das famílias não mudam o estilo de vida após a cirurgia, portanto isso não explica os resultados.
Enquanto os especialistas ainda tentam explicar como a obesidade pode ser “transmitida” através das gerações, Robert Waterland, que estuda a passagem da obesidade em ratos, afirma que o efeito faz sentido. Acontecimentos no início a vida e ainda no útero afetam o desenvolvimento do cérebro para o controle entre o consumo e a queima de calorias, por exemplo.
Waterland encontrou evidências que ligações de uma substância nos cromossomos pode modificar o trabalho de alguns genes. O pesquisador realizou um estudo com ratos que mostrou que, quanto mais obesa a mãe, mais obesos são os filhotes. Quando um coquetel que aumenta a ligação da substância aos cromossomos é ministrado, o efeito é bloqueado. Waterland propõe que estes genes podem afetar o peso dos filhotes a longo prazo, se eles estiverem envolvidos na regulação de apetite e níveis de atividade do corpo. O cientista afirma que ainda é cedo para saber se um suplemento bloqueador da obesidade poderia funcionar tão bem em mulheres.
Cientistas acreditam que, ao descobrir qual é o sinal passado na gravidez que leva à obesidade, talvez seja possível suprimir o sinal, talvez por meio de dietas ou outros tratamentos. Enquanto isso não acontece, os especialistas sugerem que as mulheres obesas devem tomar alguns cuidados antes e durante a gravidez.
Uma recomendação é a perder o máximo de peso antes da gravidez, inclusive porque a obesidade aumenta o risco de complicações como a diabetes e a necessidade de partos com cesárea. Durante a gravidez, é importante controlar bastante o peso, já que pesquisas apontam que mulheres obesas devem ganhar no máximo 10 quilos durante a gestação. Além disso, é importante manter o peso após a gravidez, para preparar o corpo para uma possível gestação futura.
Fonte Hypescience
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