Rio de Janeiro – A Defensoria Pública da União (DPU) ingressou na Justiça
Federal com ação civil pública contra a União cobrando a retomada do serviço de
transplantes renais e hepáticos do Hospital Federal de Bonsucesso.“Entramos com
a ação civil pública contra a União para que ela seja obrigada a recompor sua
equipe de cirurgiões no prazo de 15 dias, sob pena de multa diária no valor de
R$ 100 mil”, disse o defensor público Daniel Macedo.
Desde dezembro, o hospital deixou de
prestar o atendimento por causa da saída de profissionais. A unidade responde
por 70% dos transplantes renais do estado e é a única da rede pública a fazer
esse tipo de cirurgia em crianças e adultos.
“É a situação mais grave que eu vi
na saúde, porque são evidências de que crianças estão falecendo por conta desse
sucateamento do Hospital Federal de Bonsucesso. O hospital fazia uma média
[anual] de 150 cirurgias de transplantes renais e hepáticos, de 1999 para cá, e
de uma hora para outra parou de fazer essas cirurgias. Têm crianças morrendo e
outras que poderão falecer, se nada for feito.”
O presidente do Sindicato dos
Médicos do Rio de Janeiro, Jorge Darze, responsabilizou o hospital pela falta de
cirurgiões, pois foram concedidas licenças para diversos profissionais se
afastarem, o que prejudicou o serviço. “A DPU recebeu nossa denúncia e esperamos
que a Justiça conceda liminar no caso da emergência. A situação no Hospital
Federal de Bonsucesso é muito grave e lamentavelmente temos que recorrer ao
Poder Judiciário para resolver os problemas que hoje afetam diretamente o
atendimento da população.”
Em nota, o Ministério da Saúde informou que está "viabilizando a retomada das
equipes transplantadoras do Hospital Federal de Bonsucesso" e "efetuando a
abertura de novos serviços aos pacientes que necessitam de transplantes no Rio
de Janeiro". A pasta informou ainda que o Hospital São Francisco de Assis foi
vistoriado e está habilitado, a partir de amanhã (21), para fazer transplantes
renais e hepáticos. O serviço será gerenciado pela Secretaria Estadual de Saúde
do Rio de Janeiro.
Conforme o ministério, a morte de duas crianças, de 11 anos e 3
anos, que aguardavam por um transplante, "não ocorreu por desassistência médica
do Hospital Federal de Bonsucesso". O primeiro caso, segundo a pasta, ocorreu
"por complicações respiratórias, após [a menina] ter sido atendida em um serviço
de emergência em Macaé. Não foi por motivos renais" e o segundo devido infecção
generalizada.
O ministério informou ainda que a diretoria do hospital abrirá sindicância
para verificar "se houve negligência de comunicação entre funcionários do
hospital e parentes da criança quanto à possível identificação de doador
compatível" em relação ao primeiro caso.
Fonte Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário