Marlene Bergamo/Folhapress O empresário João Paulo Marin no escritório da empresa onde trabalha, em São José dos Campos, São Paulo |
Estou abrindo o jogo, porque acho que muita gente sofre com isso.
Quando eu era mais novo, vi um vídeo sem querer. Devia ter uns 12 anos. Depois de ver o filme, não podia entrar em contato com nada que estivesse ligado a locais onde havia prostituição.
Um dia, meu pai chegou de táxi com um boné de presente para mim. Daí eu associei: prostituta anda de táxi, então não posso abraçar meu pai nem aceitar o boné. Fiquei com raiva de não poder receber o agrado de meu pai por causa desse pensamento.
Também não podia pegar em dinheiro, passar em certas regiões da cidade. Um dia, de carona com amigo, passei num desses lugares. Em casa, lavei o rosto 20 vezes.
Se estava saindo banho e o pensamento de algum lugar vinha a minha cabeça, tinha que voltar e lavar a cabeça de novo. Ficava dez vezes nessa. Se chegava da rua, antes de entrar no quarto espirrava Lysoform [desinfetante concentrado] no pé. Tinha que espirrar quatro vezes em cada sola e repetir dez vezes. A pele ficava toda comida.
O bom é que tive ótimos amigos. Se a gente ia fazer sessão de videogame, todo mundo lavava a mão antes de jogar. A galera não entendia bem o que estava acontecendo, mas colaborava.
Um dia decidi que não dava mais para viver assim. Então segurei dinheiro na mão, fiquei deitado no chão sujo, como se tivesse me curado. Durou uns dois dias e tive uma recaída. Fui me tratar. Tomei remédio, fiz terapia. Não tomo remédio desde 2000 e não tive mais nada."
João Paulo Marin, 28, empresário
Fonte Folhaonline
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