Foto: João Cotta / TV Globo/Divulgação Celso, personagem de Caco Ciocler em Salve Jorge, usa a filha Raissa para atingir a ex-mulher |
Na novela Salve Jorge, da Rede Globo, o personagem Celso (Caco Ciocler) usa a filha Raissa (Kiria Malheiros) para atingir a ex-mulher Antônia (Letícia Spiller). Celso fala mal da mãe para a filha, fazendo com que ela não queria morar ou estar na companhia de Antônia.
O drama retratado na novela ocorre também na vida real. Estima-se que, no Brasil, cerca de 16 milhões de crianças e adolescentes passem por situação semelhante após a separação dos pais. É a chamada Síndrome da Alienação Parental (SAP), a prática, pelo pai ou pela mãe, de atos que denigrem, desqualificam ou até caluniam o genitor que não convive com a criança. O objetivo é prejudicar o estabelecimento ou manutenção de vínculos com o genitor alienado.
Acadêmico do curso de Direito da Universidade Feevale, Sérgio de Moura Rodrigues é presidente da Associação Brasileira Criança Feliz, que busca divulgar o problema e ajudar quem sofre com ele. Segundo Rodrigues, as crianças podem sofrer graves danos psicológicos:
— Não se deve esperar que essa situação desapareça sozinha. Os alienadores são covardes e sutis, e o tempo é o maior aliado deles.
Atualmente, a ABCF está presente em todo o Rio Grande do Sul e em mais 11 Estados brasileiros.
Meu Filho — A novela serviu para chamar a atenção sobre um problema que é muito comum?
Rodrigues — A contribuição da novela tem sido fantástica. As pessoas estão buscando a associação diariamente para tratar sobre isso.
Meu Filho — Em geral, o problema costuma deixar sequelas psicológicas nas crianças?
Rodrigues — Sim, há um dano psicológico irreversível. Uma criança pode ter trauma principalmente de gênero. Depois que isso ocorre, há dificuldade de lidar com gênero oposto, ter instabilidade nas relações, ser vítima de violência ou passar por situações de depressão que podem, inclusive, levar ao suicídio. Muitas pessoas depressivas têm como causa de sua depressão a alienação parental. A ausência dos pais, ou de um dos dois, gera problemas psicológicos graves. Muitas vezes, isso vira aversão ao genitor.
Meu Filho — Desde quando e de que forma a lei protege quem é vítima do problema?
Rodrigues — A lei de 2010 foi criada com a intenção de, em primeiro lugar, identificar o problema, que existia há tempos mas não tinha nome. Ela traz medidas corretivas para quem exerce a alienação parental. Não configura crime, mas merece punições, de advertência a até perder a guarda.
Meu Filho — Como distinguir uma implicância entre pais separados de alienação parental?
Rodrigues — O trabalho do psicólogo é fundamental para detectar a alienação e as suas consequências. Mesmo que juridicamente se possa constatar, será o psicólogo que vai diagnosticar as características correspondentes de alienação parental, como a aversão ao pai ou à mãe, por exemplo. O trabalho da psicologia jurídica ajuda a afirmar com mais precisão. O juiz deve se apoiar no trabalho de equipes multidisciplinares para tomar qualquer decisão.
Meu Filho — Como a associação ajuda as pessoas que sofrem com o problema?
Rodrigues — A associação nasceu com o fim de estudar, reunir e difundir conhecimentos sobre o assunto. As pessoas trazem os problemas por e-mail ou telefone. Comparamos com a lei, conversamos e definimos se é o caso de procurar um psicólogo ou a Justiça.
Fonte Blog Meu Filho
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