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terça-feira, 23 de abril de 2013

Transtorno obsessivo-compulsivo é 'pop', mas faz da vida um inferno

Sheldon Cooper (Jim Parsons), da série
"The Big Bang Theory", segue uma rotina para cada
 dia da semana e senta-se sempre no mesmo lugar do sofá
A declaração recente de uma celebridade do esporte, uma peça em cartaz e novas pesquisas científicas trazem de volta à cena o lado mais pop do TOC, o transtorno obsessivo-compulsivo.
 
O famoso da vez a assumir publicamente que tem o transtorno é o ginasta Diego Hypólito, 26. No mundo das artes, peças como "Toc Toc", em cartaz em São Paulo, e personagens como Sheldon Cooper, da série "Big Band Theory", fazem que o nome e os sintomas da doença estejam na boca do povo.
 
A popularidade é impulsionada porque quase todas as pessoas se acham um pouco portadoras do transtorno. E quem não tem uma tia, um amigo ou um parceiro com alguma maniazinha excessiva de limpeza ou de arrumação?
 
"Pensamentos indesejados e rituais todo mundo tem. A pessoa pode até achar estranho, mas para por aí. A questão é como eles interferem no cotidiano e quanto sofrimento trazem", diz a psiquiatra Roseli Shavitt, coordenadora do Protoc (Projeto Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo), do Instituto de Psiquiatria da USP.
 
Diego Hypólito conta que tinha os sintomas desde o início da adolescência, mas só aos 18 anos se deu conta de que os rituais o atrapalhavam.
 
"Às vezes as pessoas nem notavam, mas desde a hora em que eu acordava era um monte de coisa que eu tinha de fazer. Começou a me incomodar", diz o atleta.

Ao perceber isso, Hypólito foi tratar o problema em terapia. Mas a maioria das pessoas demora mais para procurar ajuda.
 
"Há um caso de paciente que demorou mais de 40 anos para procurar tratamento. E é comum as pessoas passarem dez anos sofrendo sem procurar ajuda", afirma a psiquiatra Christina Hajaj Gonzales, do Centro de Assistência, Ensino e Pesquisa do Espectro Obsessivo-Compulsivo da Unifesp.
 
E isso mesmo com toda a exposição dos sintomas da doenças no cinema e na TV.
 
"O transtorno pode ter caído nas graças da indústria de entretenimento, ficou mais fácil as pessoas aceitarem. Aí vira pop, fica até chique dizer 'eu tenho TOC'. Isso pode ajudar a diminuir o preconceito, mas não dá para banalizar, achar que não é sério", diz Antonio Geraldo da Silva, presidente da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).
 
Visto nas telas e nos palcos, dá até para rir do problema --os próprios pacientes consideram muitos de seus hábitos ridículos ou bizarros--, mas na vida real não é tão engraçado assim.

Uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Unesp mostrou que 33% das pessoas com TOC já pensaram em suicídio e 11% já tinham tentado se matar de fato.
 
"As pessoas não levam a sério porque não imaginam o grau de incapacitação e a dor que a doença pode causar", diz a psiquiatra Albina Rodrigues Torres, da Unesp.

Fonte Folhaonline

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