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segunda-feira, 13 de maio de 2013

Médicos defendem redução do estômago para tratar o coração

Redução do estômago para tratar outros vilões além da obesidade
Cirurgia bariátrica antes usada só para obesidade agora é estudada para reverter diabetes, pressão alta e colesterol em pacientes nem tão gordinhos
 
Médicos brasileiros são pioneiros em buscar uma saída para a encruzilhada em que os pacientes obesos se encontram atualmente. Os remédios existentes para ajudar na redução de peso podem elevar o risco cardíaco. Ao mesmo tempo, as pessoas que estão nas estatísticas da obesidade e do sobrepeso já convivem com outros vilões que fazem mal ao coração.
 
“Nesta sinuca de bico na hora de prescrever medicações que auxiliam o emagrecimento, há um certo tempo, nós iniciamos diferentes linhas de pesquisas”, conta o endocrinologista e consultor da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica, Ricardo Cohen.
 
“O objetivo é avaliar os efeitos da cirurgia bariátrica (também conhecida como redução do estômago) para reverter outros fatores de risco cardíaco, mesmo em quem não está tão obeso”, diz.
 
“Temos estudos contundentes sobre os efeitos positivos da bariátrica para sanar diabetes, lesões renais, circulação prejudicada, colesterol alto e apneia do sono, todos fatores comprovadamente ameaçadores do sistema cardiovascular”, completa.
           
O posicionamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ao questionar a segurança dos emagrecedores – há dois anos – justamente por afetarem o coração também serviu de pontapé para as pesquisas nesta linha, informaram os especialistas.
 
O mais recente ensaio científico que entrou para o grupo dos que buscam a indicação da bariátrica para sanar vilões cardíacos, mesmo em menos gordinhos – mas já com a saúde em xeque – começou, nesta semana, no Hospital do Coração de São Paulo (HCor). 
 
Sob pressão
“A doença que oferece maior risco cardiovascular é a hipertensão. Como a obesidade é uma epidemia mundial, surgiu a ideia de estudar se a cirurgia bariátrica também pode atuar como uma controladora da pressão arterial”, explica um dos coordenadores da pesquisa, Carlos Aurélio Schiavion.
 
“É um estudo inédito no mundo e estamos na fase de recrutar voluntários.”
 
Para participar do estudo do HCor, os voluntários precisam ter entre 18 e 65 anos e fazerem uso de pelo menos duas medicações contra a pressão alta. De acordo com Schiavon, serão estudados dois grupos de 30 pessoas.
 
Um deles será submetido a um tipo de cirurgia bariátrica, chamada de bypass gástrico. O outro continuará controlando a pressão com medicação e orientação dietética. No final, os resultados serão comparados.
           
Obesos grau I
Outro critério para participar do novo estudo nacional é estar nas classificações chamas de obesidade grau 1 ou 2. Esta é característica comum dos estudos em andamento. Os efeitos positivos da técnica cirúrgica para os inimigos cardíacos são avaliados em pessoas enquadradas no IMC (Índice de Massa Corporal) entre 30 e 39.9.
           
A taxa clássica que vigora atualmente na indicação da bariátrica é o IMC superior a 40 – critérios utilizados de forma mais comum pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pelas operadoras de saúde privada.
 
A partir desta marca, os obesos são considerados mórbidos e já existem até os casos do superobesos . Apesar disso, a ciência já ofereceu dados robustos de que, mesmo antes do IMC 40 - os obesos grau 1 e 2 – já estão no alvo de acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e infartos , justamente por conviverem com pressão alta, diabetes e outras doenças nocivas.
 
“Quase em 100% dos casos, um fator de risco cardíaco não aparece sozinho. Eles chegam em três ou quatro comorbidades e mesmo antes da pessoa ser obesa mórbida”, alertoa Cohen.
 
Flexibilização
A situação dos obesos não mórbidos – atrelada à pouca oferta de medicamentos para ajudá-los a reverter os índices – serviu de pano de fundo para decisões recentes de flexibilização das regras da cirurgia bariátrica.
 
Em 2011, a FDA – agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos – se posicionou favoravelmente à indicação cirúrgica para pacientes com IMC 35 que tinham outras doenças associadas. O Brasil seguiu a diretriz e no início do ano o Ministério da Saúde foi além: definiu os 16 anos como idade mínima para a redução do estômago e não mais 18.
 
A idade máxima, de 65 anos, também foi alterada. Com a nova portaria, o governo federal determinou que “o fator determinante para a indicação cirúrgica não será mais a idade, e sim a avaliação clínica (risco-benefício)”.
 
Secundário
Ricardo Cohen diz que agora as universidades, laboratórios e sociedades médicas que tratam com a cirurgia bariátrica (Diabetes, Endocrinologia, Cardiologia) estão reunindo dados científicos para fazer um documento direcionado ao Conselho Federal de Medicina (CFM) e ao Ministério da Saúde.
 
“Este dossiê deve estar pronto no próximo semestre. Nós já sabemos que a bariátrica não promove só a perda de peso. Ela modifica a estrutura de hormônios, a flora intestinal e reverte doenças sérias e custosas, como o diabetes e a falência renal”, diz Cohen.
 
“A bariátrica, posso dizer, é benéfica para muitas questões. O emagrecimento é um ganho secundário.”
           
*** Quem se interessar em participar da pesquisa, que terá dois anos de duração, poderá encaminhar e-mail para estudobariatrica2013@gmail.com
 
Fonte iG

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