Uma estratégia explorada pelos pesquisadores é a combinação do imunoterápico ipilimumabe com outras drogas para potencializar os benefícios |
"Há três anos, tínhamos poucas drogas à nossa disposição e a média de
sobrevida era de três meses. Hoje já podemos falar em 17, 18 meses", disse Lynn
Schuchter, oncologista especializada em melanoma que não esteve envolvida nas
pesquisas e participou de uma entrevista coletiva na conferência.
Apesar de os estudos estarem em fases iniciais, os resultados confirmam a
eficácia da imunoterapia (tratamento que estimula o sistema imune a atacar o
tumor) contra o melanoma, segundo Schuchter.
Uma estratégia explorada pelos pesquisadores é a combinação do imunoterápico
ipilimumabe com outras drogas para potencializar os benefícios. Esse
medicamento, aprovado no Brasil no ano passado, foi o primeiro a aumentar a
sobrevida de pacientes com melanoma avançado, e seu alvo é uma proteína que
mantém os linfócitos T inativos, o que, por sua vez, provoca uma reação do
sistema imune contra o câncer.
"Hoje o objetivo é aumentar a imunidade para melhorar o tratamento. Estamos
partindo para um coquetel contra o melanoma avançado, como ocorre no tratamento
contra a Aids", diz Veridiana Pires de Camargo, oncologista clínica do Hospital
Sírio-Libanês.
Um dos estudos apresentados na conferência mostrou que o uso do ipilimumabe
com outra droga (nivolumabe, ainda não aprovada no país) é seguro e levou a uma
regressão rápida do tumor. O trabalho, de autoria de pesquisadores do Memorial
Sloan-Kettering Cancer Center e da Universidade Yale, foi publicado no domingo
no periódico medico "New England Journal of Medicine".
O tratamento combinado foi testado em 53 pacientes. Entre os que receberam as
doses máximas das drogas, 53% responderam ao tratamento, todos com redução de
80% ou mais do tumor.
Efeitos adversos graves foram observados em 49% dos pacientes, incluindo
problemas hepáticos, renais e gastrointestinais. Mas, segundo os autores,
efeitos similares ocorrem quando as drogas são usadas separadamente.
Outro estudo apresentado na conferência mostrou que a combinação de um
remédio usado para aumentar a produção de glóbulos brancos após tratamento com
quimioterapia ou transplante de medula ao ipilimumabe não só aumentou a
sobrevida dos pacientes como diminuiu os efeitos colaterais do imunoterápico.
A pesquisa envolveu 245 pacientes com melanoma metastático acompanhados por
13 meses.
Os pesquisadores, do Instituto de Câncer Dana-Farber, em Boston, observaram
que quem recebeu a combinação de remédios tinha um risco 35% menor de morte do
que quem tomou apenas o ipilimumabe. As taxas de redução do tumor foram
similares nos dois grupos, mas a média de sobrevida foi maior entre os que
receberam os dois medicamentos (17,5 meses contra 12,7 meses, em média).
Fonte Folhaonline
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