Foto: Wikicommons/NIH Bactéria Escherichia coli pode estar relacionada à progressão do HIV para Aids |
Segundo estudo, paciente com HIV tem bactérias diferentes no intestino. Restaurar a flora intestinal pode ser uma estratégia futura de tratamento
A progressão do HIV para a Aids - que ocorre quando as defesas enfraquecidas do corpo permitem que vírus e bactérias infectem o organismo - pode estar diretamente relacionada aos tipos de bactérias presentes no intestino do paciente. Ao chegar a essa conclusão, pesquisadores da Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF) levantam a possibilidade de desenvolver uma estratégia que envolva a restauração da flora intestinal para desacelerar o avanço do HIV.
O estudo, publicado nesta quarta-feira (10) na revista “Science Translational Medicine”, constatou que as comunidades bacterianas encontradas em pacientes HIV positivos com doença avançada eram muito diferentes daquelas encontradas em pessoas não infectadas.
Especialmente as bactérias associadas a outras doenças – como Pseudomonas, Escherichia coli, Salmonella e Staphylococcus – estão muito mais presentes em pacientes com HIV avançado.
A teoria dos pesquisadores é que, no paciente com HIV, essas bactérias nocivas contribuem para destruir a barreira imune que existe na parede do intestino, que tem a função de evitar que substâncias prejudiciais presentes no intestino entrem para a corrente sanguínea. Dessa forma, abrem caminho para outras bactérias circularem livremente por todo o corpo, levando a um processo de inflamação generalizada, o que acelera a progressão do HIV para Aids.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram a flora intestinal de 25 pessoas, utilizando técnicas avançadas para a identificação das comunidades bacterianas. Eles compararam 7 pacientes com HIV não tratados (incluindo seis com infecção ativa e um que, mesmo depois de 21 anos de infecção, nunca desenvolveu Aids); 18 pacientes tratados (que haviam reduzido o HIV a níveis indetectáveis) e 9 indivíduos não infectados.
“Pensamos que o microbioma do intestino poderia ser diferente nos indivíduos infectados por HIV, e que o alto grau de ativação imune nos pacientes pode estar associado com a presença de membros específicos da comunidade bacteriana”, disse Susan Lynch, professora UCSF.
A pesquisa abre uma possibilidade interessante: de que, no futuro, em vez de tratar o vírus HIV, seria necessário apenas garantir a presença das bactérias ideais no intestino do paciente, para evitar um processo de inflamação generalizada e, desta forma, desacelerar a progressão da doença. Mas, para essa estégia se concretizar, resultados mais precisos ainda são necessários.
“Aparentemente, mudanças no microbioma perpetuam um ciclo vicioso que provoca inflamação em pacientes com HIV. Estamos considerando uma estratégia para restaurar a colonização microbiana apropriada e estimular o funcionamento saudável do microbioma do intestino”, diz Susan.
Fonte G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário