Brasília – O presidente do Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde
(Conasems), Antônio Carlos Figueiredo Nardi, disse, ontem (10), que o envio às
cidades carentes de médicos recém-formados não resolverá o problema dos
atendimentos nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS), mas representa um
“avanço” neste sentido. Ele participa, na capital federal, do 29º Congresso
Nacional de Secretarias Municipais de Saúde que debate os problemas e possíveis
soluções para a saúde pública.
Na segunda-feira (8), a presidenta Dilma Rousseff lançou o Programa Mais Médicos. Ele prevê a contratação de
profissionais brasileiros e estrangeiros para atuarem em municípios carentes do
país, já selecionados pelo Ministério da Saúde. O programa estabelece, também,
que a partir de 2015, os médicos terão que realizar dois anos de treinamento em
instituições de saúde pública, após os seis anos de ensino acadêmico. “O médico
em treinamento ficará dois anos na atenção básica, na medicina da família, na
urgência e emergência, ligado à instituição formadora”, explicou o ministro da
Saúde, Alexandre Padilha.
O presidente do Conasems, no entanto, ressaltou que o programa “pode não
resolver todo o problema da saúde pública do Brasil, porque há muito mais a
fazer do que só colocar médicos nas unidades básicas de Saúde, mas [o programa]
é um dos encaminhamentos para o avanço, para a solução e a melhoria do acesso da
população usuária do Sistema Único de Saúde (SUS)”.
Segundo Nardi, a maior reclamação da população é a falta de médicos nas
unidades básicas. “A população hoje reclama pela falta de médicos para atender
no SUS e reclama com razão, e esse programa vai dar oportunidades aos médicos e
estudantes de medicina atuarem no Brasil, de Norte à Sul”. Para ele a prioridade
da saúde é a contratação de médicos mas, também, é preciso adequar as unidades
de saúde.
“Se trata de um programa de melhorias, de qualidade, de construir unidades
básicas com equipamento, condições humanas de trabalho e condições de exercício
profissional em todo o país, em cidades grandes mas, também, em municípios
pequenos”, frisou o presidente do conselho.
A Agência Brasil entrevistou, também, alguns secretários
municipais de Saúde. A secretária de Passo de Camaragibe (AL), Janaína Malta,
disse que é a favor do projeto. “O maior questionamento é que os profissionais
não têm vivência na rede SUS. Quando eles se formam eles querem abrir seu
consultório, então eu sou a favor de os estudantes aprenderem a trabalhar com a
população carente”. O município tem uma população de 14.763 habitantes e está
distante 53,71 quilômetros da capital Maceió.
Para o secretário de saúde de Horizonte (CE), Josete Malheiro Tavares, a
iniciativa do governo federal vai fortalecer a construção do SUS, principalmente
no interior do Nordeste e do Norte. “Vejo isso como uma estratégia importante,
embora não seja uma solução para o problema”. Horizonte está distante 43,56
quilômetros de Fortaleza (CE).
Josete Malheiro acrescentou que todas as categorias que trabalham em unidades
de saúde merecem atenção. “Como uma perspectiva para os próximos anos, o projeto
vai impactar de forma positiva, na prestação de saúde”, disse.
Fonte Agência Brasil
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