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quinta-feira, 11 de julho de 2013

Mobilidade pode atender mais de 28 milhões de pacientes no Brasil

Adoção de soluções móveis podem gerar US$ 14 bilhões em economias nos próximos quatro anos, diz estudo
 
A adoção de soluções de saúde móvel (mHealth) poderia colaborar para as políticas de saúde latino-americanas, gerar economia superior a US$ 14 bilhões somente no Brasil, atender mais de 28 milhões de pacientes, considerados pobres, e crônicos e outros tantos cidadãos com potencial para desenvolver dificuldades relacionadas a diabetes, maternidade, doenças cardiovasculares e circulatórias. Entretanto, o pleno desenvolvimento do conceito exige avanços regulatórios, além de investimentos em infraestrutura e tecnologia.
 
As promissoras conclusões são de pesquisa realizada pela consultoria PwC para a GSMA, organização mundial que reúne operadoras de serviços móveis e demais empresas participantes da cadeia de valor do segmento, como fabricantes de equipamentos e softwares. O estudo foi realizado no Brasil e no México levando em conta a maior disponibilidade e confiabilidade dos dados. “São os países com mais informações de qualidade, onde o processo seria feito com mais segurança e permitiria extrapolação”, justifica o diretor de mHealth da GSMA, Michael Curran.
 
Segundo ele, a pesquisa demonstra a transformação socioeconômica que a adoção da mHealth pode provocar na América Latina nos próximos quatro anos. Os resultados indicam que, só no Brasil e no México, o número de pacientes que poderiam ser tratados com apoio soma mais de 40 milhões – sem necessidade de criar nova estrutura de saúde, apenas levando em conta os cuidados que podem ser dispensados de forma remota, principalmente aqueles relacionados à informação e monitoramento.
 
Aplicativos em celulares, por exemplo, podem ser amplamente utilizados em prol do bem-estar e educação, com dicas e explicações para orientar o paciente, inclusive com apoio de centrais de atendimento para esclarecimento de dúvidas. Segundo Curran, a educação com o suporte de informações por meio de comunicação móvel, de forma bem direcionada, incentivaria o autogerenciamento por parte dos cidadãos e estimularia a melhoria de estilo de vida e cuidados com a saúde, mitigando os riscos causados nas quatro condições em foco (diabetes, maternidade, doenças cardiovasculares e circulatórias). “Isso pode reduzir a possibilidade de desenvolver uma condição crônica”, diz.
 
O aspecto monitoramento envolve o uso de dispositivos para serem utilizados pelos pacientes para medições de sinais como batimentos cardíacos ou nível de açúcar, cujos resultados podem ser enviados por celular. Concorrem para essa possibilidade, de acordo com Curran, questões como a queda de custos dos equipamentos. “A partir de informações armazenadas em nuvem o médico pode perceber alterações e entrar em contato com o paciente”, descreve. “O paciente pode fazer isso de casa, com mais segurança, facilidade, constância e economia, e os dados estarão sempre guardados.”
 
Mesmo no Brasil, o especialista observa que as operadoras móveis, como a Vivo, já estão desenvolvendo serviços para suportar pacientes neste sentido. A Vivo, exemplifica, criou iniciativas como central de atendimento e está desenvolvendo serviços para gerenciar pacientes com doenças crônicas. “A TIM também está testando serviços com monitoramento remoto. Mas o alcance das ações é limitado principalmente por questões regulatórias”, aponta Curran.
 
A superar
A regulamentação é uma das chaves para alcançar os benefícios da mHealth. A GSMA propõe um framework que leve em conta também os impactos econômicos do conceito, incluindo questões como desenvolvimento, emprego, segurança e outras questões envolvidas no cenário mais amplo. “É importante deixar as regras claras para pacientes, profissionais, empresas, assegurando a todos os stakeholders que as tecnologias estão sendo utilizadas dentro do permitido”, defende. “Os reguladores precisam permitir oportunidade para testes e projetos pilotos de mHealth no Brasil para avaliar os melhores resultados.”
 
Uma das regulações atuais colocadas em cheque por restringir a prática da medicina é a lei do escopo e da prática, que limita que instituições protocoladas – uma operadora como a Vivo, diz Curran –, possam incluir diagnóstico em seu portfólio de serviços, apenas informações educativas. Uma ligação do médico de sua casa para um paciente, por exemplo, pode não ter validade por este tipo de limitação.
 
De acordo com o relatório da GSMA, tais aspectos podem ser mais bem avaliados, frente ao potencial da mHealth. Entre outros cálculos, estima-se que só com a melhoria de qualidade e eficiência da assistência a economia supere US$ 14 bilhões no Brasil e US$ 3,8 bilhões no México.
 
Outro potencial vislumbrado pela pesquisa de que as soluções móveis poderiam colaborar com o desafio de prestar cuidados de saúde universais para uma população enorme e dispersa, como a brasileira, driblando pressões sobre recursos e podendo aumentar o alcance e a eficiência dos gastos.
 
O relatório indica a necessidade de abordar as barreiras regulatórias, econômicas, estruturais e tecnológicas que limitam o setor. Além da definição do marco regulatório, é sugerido o incentivo ao cuidado preventivo e contínuo, em lugar dos tratamentos individuais e prescrições médicas que embasam os sistemas atuais, construindo evidência clínica que demonstre o impacto da mHealth para atrair a adesão de toda a comunidade clínica e pagantes, incluindo governos e seguradoras.
 
Outro desafio a superar é a fragmentação dos sistemas de saúde, que restringem o compartilhamento de informações e alinhamento de processos – fundamental para a expansão da mHealth –, bem como a falta de interoperabilidade e padronização das soluções, que limita a escalabilidade.
 
“Sem tais medidas, apenas 10% da população mais favorecida se beneficiará em 2017”, alerta Curran. Os dados levantados pelo estudo indicam que sem a adoção da saúde móvel de forma ampla, a economia no Brasil seria limitada a US$ 1,5 bilhão, com ganhos no PIB chegando a apenas US$ 500 milhões e 900 milhões no México. “Combinados, os dois países podem ganhar US$ 12,9 bilhões no produto interno bruto, caso a adoção da mHealth atinja seu potencial em 2017.”
 
Começando pelo básico
Frente a todas as possibilidades da saúde móvel – ainda distante de grande parte das instituições hospitalares -, o Hospital das Clínicas (HC), o maior complexo hospitalar da América Latina, está começando pelo mais básico. A entidade acaba de instalar o acesso à internet através de rede wi-fi e dispositivos móveis nos prédios da Administração, Informática e Escola de Educação Permanente (EEP), somando cerca de 500 colaboradores. “Chegamos a instalar uma rede sem fio simples. Mas a demanda cresceu muito e não atendia bem a todos”, diz o gerente de Conectividade do Núcleo Especializado em Tecnologia da Informação (NETI) do Complexo HC, Jorge Futoshi Yamamoto.
 
Motivado pelo aumento do número de usuários utilizando seus próprios dispositivos, inclusive conectando roteadores wireless à rede corporativa, foi decidida a aquisição da solução Aerohive, com sistema virtual de controle e facilidade para expansão da rede. A iniciativa acabou sendo sinérgica com o serviço do Google, que resolveu o problema causado pelas limitações no servidor de e-mail do hospital. Os logins e senhas foram unificados para rede e correio eletrônico, e o banco de dados passou a ser controlado pela área de RH. “Quando o funcionário sai, são desligados e-mail e acesso à rede”, afirma o gerente.
 
Os access points da Aerohive são organizados em grupos que compartilham o controle da informação entre eles. A instalação dos aparelhos foi iniciada em janeiro, levou um mês para ser concluída e consolidou uma estrutura que suporta a conexão de mais de mil aparelhos ao mesmo tempo. Em média 70 dispositivos utilizam a rede por dia, entre smartphones, tablets e notebooks. Segundo Yamamoto, já está sendo avaliada sua extensão para a área clínica. “A Radiologia está perto de fazer aquisição e o pessoal da Psiquiatria também está interessado, até por questões humanitárias. Além de criar um portal do visitante, o paciente ou parente em tempo de espera pode usar a internet”, diz. A meta é, em dois anos, alcançar todo o hospital, principalmente a área assistencial.
 
Fonte SaudeWeb

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