Rio de Janeiro - A Fundação Internacional de Osteoporose (IOF, a sigla em
inglês) lançou ontem (12) no Rio a campanha mundial Capture the Fracture, que
será implantada até o fim deste ano nos hospitais públicos de todo o país. Em um
primeiro momento, a campanha abrangerá os hospitais públicos do estado do Rio.
O objetivo é identificar as pessoas que já tiveram fratura por osteoporose
(doença que afeta os ossos, com perda de massa óssea).
“Porque essas pessoas têm risco muito maior de ter uma segunda fratura do que
aquelas, por exemplo, que têm osteoporose e nunca tiveram uma fratura antes”,
disse à Agência Brasil o vice-presidente do Comitê de Doenças
Osteometabólicas da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbot) e
chefe do Serviço de Ortopedia do Hospital Federal de Ipanema, Bernardo
Stolnick.
A unidade do Ministério da Saúde já implementou a campanha há dois anos, por
meio do Programa de Prevenção a Refraturas (PrevRefrat), considerado referência
no mundo entre os serviços de excelência que adotam o parâmetro. O PrevRefrat
servirá de modelo para os demais hospitais brasileiros, porque adota a linha e a
filosofia da campanha da IOF.
Será lançada também nesta sexta-feira campanha informativa da Sbot regional
Rio de Janeiro em todos os hospitais públicos do estado que tenham ambulatório
de ortopedia ou emergência ortopédica. O objetivo é orientar as pessoas que já
tiveram fratura por fragilidade óssea, ou seja, que decorre de uma queda
simples, a ligar para o PrevRefrat para agendar consulta e tratamento. O
programa do Hospital Federal de Ipanema tem, no momento, 250 pacientes em
tratamento, sendo que apenas cinco tiveram refratura. “Ou seja, temos uma taxa
de refratura de 2%. Provavelmente, é a melhor taxa do mundo”, avaliou
Stolnick.
Segundo o especialista, já está comprovado o sucesso da filosofia da
campanha da IOF em relação à gestão pública dos pacientes que têm osteoporose.
Além de maior risco de ter as chamadas fraturas de repetição, esses pacientes
apresentam mais taxas de internação e reinternação, “gerando um custo social,
humano e financeiro grande para todos os países”.
A pior das fraturas é a de fêmur, que exige cirurgia e internação e tem
elevada taxa de mortalidade. Stolnick informou que 50% das pessoas que tiveram
esse tipo de ocorrência, “antes disso tiveram outra fratura qualquer”. Ele
explicou que, se houver a intervenção em pacientes depois desse primeiro caso,
consegue-se reduzir entre 50% e 60% a ocorrência de fratura de fêmur.
Stolnick disse ainda que existe o compromisso de reduzir em 20% a incidência
de fratura de fêmur em todo o mundo até 2020. “A única forma de fazer isso é
intervindo em relação a esses pacientes” - daí a importância de lançar a
campanha no Brasil. O chefe do Serviço de Ortopedia do Hospital Federal de
Ipanema ajudou a elaborar o painel de boas práticas da campanha.
Dados da IOF mostram que uma fratura por osteoporose ocorre a cada três
segundos no mundo, correspondendo a 25 mil casos por dia ou 9 milhões por ano.
Stolnick acrescentou que uma fratura vertebral ocorre a cada 22 segundos. “Uma
em cada quatro mulheres depois dos 50 anos de idade vai ter uma fratura
osteoporótica e um a cada cinco homens também”. Só que os homens não parecem se
preocupar com a osteoporose. Ele alertou que, com o aumento da longevidade da
população, haverá mais gente com essa deficiência óssea e tendo fraturas. No
Brasil, a estimativa é que 10 milhões de pessoas tenham osteoporose hoje.
A projeção para 2050 é que haverá uma fratura de quadril na América do Sul a
cada 72 segundos, com base no crescimento da população e no aumento da
longevidade. “Então, é imperioso que você reduza esse número de fraturas. E a
melhor forma, mais efetiva e mais barata é intervir em relação aos pacientes que
já tiveram fratura por osteoporose. Esta é a base da campanha”, reiterou.
Fonte Agência Brasil
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