Rio de Janeiro – Os médicos que integram o corpo clínico do Hospital
Municipal Salgado Filho, localizado na zona norte da capital fluminense, pediram ontem o fechamento da emergência da unidade, uma das mais movimentadas da cidade,
por falta de profissionais e de equipamentos. O pedido foi feito durante reunião
com representantes do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro
(Cremerj).
Na visita que fez ao hospital, o conselho constatou que na sala de repouso
estavam 31 pacientes masculinos para sete leitos e 20 femininos também para sete
leitos, além dos que, em macas, aguardavam atendimento no corredor. Para piorar
o quadro, a equipe do Cremerj foi informada que a Unidade de Pacientes Graves
(UPG) foi fechada. No local, passou a funcionar a sala vermelha, onde havia 26
pacientes graves, mas com um clínico de plantão, quando deveria haver, no
mínimo, três.
Segundo os médicos, a emergência ficou ainda mais sobrecarregada após a
desativação de 12 leitos de clínica médica por falta de profissionais:
enfermeiros e auxiliares de enfermagem. Referência no serviço de neurocirurgia,
o Salgado Filho chegou a ter 20 neurocirurgiões. Atualmente conta com oito.
O presidente do Cremerj, Sidnei Ferreira, disse que a entidade vem há tempos
denunciando o sucateamento do Salgado Filho e que o Cremerj apoia o pedido do
corpo clínico. “Denunciamos essa situação para o Ministério Público, Delegacia
do Consumidor e outros órgãos. Os médicos não podem ser responsabilizados por
esse descaso, e a população merece um atendimento de qualidade. Queremos uma
solução para esse problema e vamos apresentar essa proposta em nome do corpo
clínico para o secretário municipal de Saúde”, disse.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou, por meio de nota, que está
aberta a receber e debater propostas que visem à melhoria da rede de atenção,
porém não aceitará medidas arbitrárias que prejudiquem o atendimento à
população, como o fechamento da emergência do hospital. Segundo a secretaria,
embora aponte falta de profissionais na rede, o Cremerj não traz para a SMS
qualquer colaboração ou indicação de médicos para o preenchimento das vagas
oferecidas pelo município, algumas com vencimentos que chegam a R$ 7.153 para
uma carga horária semanal de 24 horas.
O órgão informou que dois processos de contratação de profissionais para
unidades hospitalares estão em curso pela secretaria: um concurso público, cuja
autorização para o provimento das vagas de médicos já foi publicada no
Diário Oficial do Município, correndo os trâmites e prazos legais para
a posse dos aprovados nos cargos efetivos; e uma contratação de médicos por
prazo determinado. De acordo com a SMS, o Salgado Filho será uma das unidades a
receber parte desses profissionais.
Agência Brasil
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