Vitaminas em cápsulas e comprimidos: suplementação sem orientação coloca a saúde em risco |
Médicos alertam que a preocupação com suplementos multivitamínicos minerais é exagerada. A ingestão de comprimidos de vitaminas seria indicada apenas para casos excepcionais de carência destas substâncias, como pacientes que passaram por cirurgia bariátrica ou ainda em grávidas que precisam de ácido fólico, vitamina do complexo B.
O tema foi pauta do renomado periódico científico Annals of Internal Medicine, da Escola Americana de Médicos (EUA), que publicou recentemente três estudos que descartam a crença de que a ingestão de vitaminas pode evitar a ocorrência ou progressão de doenças crônicas.
Um dos estudos, após analisar mais de 400 mil participantes, concluiu que não existem provas claras de que os suplementos vitamínicos reduzem riscos de doenças cardíacas ou câncer. No segundo estudo, foi avaliada a eficiência do uso de multivitamínicos na prevenção do declínio cognitivo em 5.947 pessoas com mais de 65 anos. Após 12 anos de acompanhamento, não foi notada nenhuma diferença entre o grupo que tomou multivitamínicos e o que tomou placebo.
O terceiro estudo analisou os resultados da ingestão de multivitamínicos em 1.708 voluntários que tinham sofrido infarto agudo do miocárdio. Após 4,6 anos de suplementação multivitamínica também não foram observados grandes avanços em relação à saúde do grupo controle, que tomou apenas placebos.
O terceiro estudo analisou os resultados da ingestão de multivitamínicos em 1.708 voluntários que tinham sofrido infarto agudo do miocárdio. Após 4,6 anos de suplementação multivitamínica também não foram observados grandes avanços em relação à saúde do grupo controle, que tomou apenas placebos.
O editorial do periódico científico afirma que a despeito das provas de ausência de benefícios, o uso de suplementos multivitamínicos aumentou 39% entre 2003 a 2006.
“Houve um tempo em que era moda tomar multivitamínicos. As pessoas achavam que os comprimidos vitamínicos faziam bem para a saúde, mas se provou que não é necessário tomá-los se a pessoa se alimenta minimamente bem e não tem carência de vitaminas”, disse a endocrinologista Rosana Radominski, diretora do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. “Para quem não tem carência de vitaminas, a ingestão dos comprimidos não terá resultado nenhum, o excesso de vitaminas sairá pela urina, será apenas um xixi vitaminado”, brinca a médica.
O médico nutrólogo André Veinert observa que, mesmo já provado que a suplementação vitamínica é necessária apenas para casos especiais, existe ainda uma forte tendência pela ingestão dos comprimidos. “Vejo em meu consultório que ou os pacientes já tomam vitaminas ou pedem para tomá-las, e muitas vezes apresentam altas doses delas no sangue", disse.
Conheça alimentos ricos em vitaminas:
Suplementos vitamínicos: pesquisa indica que eles não funcionam para proteger o coração
Avelã: ajuda a reduzir o colesterol ruim e a combater inflamações. Também é rica em vitaminas do complexo B
Banana-nanica: fonte de fibras solúveis e vitamina C, ela é rica em potássio e com isso ajuda a combater cãibras
Graviola: é rica em vitaminas, age como diurético contém anonacina, um composto que fortalece o sistema imunológico
Nectarina: contém vitamina A, C, D e fibras, que beneficia os intestinos e reduz o colesterol
Pêssego: é pouco calórico e tem vitamina A, C, D e fibras, que beneficia os intestinos e reduz o colesterol
Pimentão amarelo, vermelho e verde: contêm boas doses das vitaminas A, E e C, que garantem proteção ao sistema imunológico
Veinert concorda que se a pessoa tiver uma alimentação equilibrada, ou um pouco equilibrada, dificilmente vai ter carência. "As vitaminas são muito importantes, mas carência delas são encontradas em casos de desnutrição ou casos especiais, como em pacientes que fizeram cirurgia bariátrica, ou são praticantes de atividades físicas extenuantes, ou em mulheres que pretendem ou estão grávidas e precisam de ácido fólico”, disse. Veinert afirma que frequentemente vegetarianos veganos precisam fazer o acompanhamento de vitamina B12 e idosos, da vitamina D.
O problema é que há carência
Embora médicos brasileiros afirmem que em seus consultórios há excesso de ingestão de vitaminas, o presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), Durval Ribas Filho, alerta que não é possível replicar no Brasil a falta de preocupação com vitaminas pregada nos estudos realizados nos Estados Unidos. “Dois estudos grandes feitos no Brasil, a pesquisa de orçamento familiar, do IBGE, e o estudo brasileiro de osteoporose (Brazos) mostram que há carência de vitaminas e minerais na população brasileira”, disse.
Embora médicos brasileiros afirmem que em seus consultórios há excesso de ingestão de vitaminas, o presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), Durval Ribas Filho, alerta que não é possível replicar no Brasil a falta de preocupação com vitaminas pregada nos estudos realizados nos Estados Unidos. “Dois estudos grandes feitos no Brasil, a pesquisa de orçamento familiar, do IBGE, e o estudo brasileiro de osteoporose (Brazos) mostram que há carência de vitaminas e minerais na população brasileira”, disse.
Entre os principais resultados dos estudos está o fato de que 85% das mulheres com mais de 14 anos não consomem o indicado de magnésio, 95% das mulheres com mais de 60 anos têm índices baixos de cálcio e vitamina D e que quase 100% da população brasileira não consome a quantidade adequada de vitamina D.
“Os estudos mostram ainda que dois em cada três brasileiros têm uma ingesta de micronutrientes não adequada. Não dá para dizer que a não há carência de vitaminas na população brasileira, não é?”, disse.
Os três médicos concordam que é preciso orientação médica para o uso de suplementos multivitamínicos. "A intoxicação por vitaminas é rara, mas algumas vitaminas, as hidrossolúveis, podem ter efeito oxidante quando tomadas em altas doses", disse Ribas Filho.
iG
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