A região Centro é um caso singular de prevalência da tuberculose, apresentando uma situação similar à dos países mais desenvolvidos da União Europeia, ao contrário do resto do país, revelou o presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia.
“É um panorama mais animador do que no resto do país”, declarou à agência Lusa Carlos Robalo Cordeiro, em vésperas da realização do 2º Congresso de Pneumologia do Centro, a decorrer quinta e sexta-feira em Coimbra.
Na região Centro há 16 novos casos por ano por 100 mil habitantes, equivalentes à média na União Europeia, enquanto que “a média em Portugal ainda estará à volta dos 20 ou 20 e poucos casos”, acrescentou.
O presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia encontra explicação no facto de outras zonas do país terem um diverso tipo de industrialização, como as do Porto, Lisboa, Setúbal e Faro, e de serem procuradas por um número maior de cidadãos migrantes.
No entanto, realça que a tendência é para Portugal se enquadrar na média europeia “dentro de um a dois anos, a verificar-se a diminuição que se tem verificado ultimamente”.
“Será de facto algo de salientar. Há cinco anos estávamos ao nível dos piores países da União Europeia, ao nível dos do Leste, e hoje estamos claramente numa tendência inversa”, sublinhou.
Na sua perspetiva, para isso muito terá contribuído o facto de “não se ter descurado o apoio e o rastreio a esta doença, apesar das melhorias”, não apenas aos doentes e seus familiares.
A formação e o acompanhamento mais próximo ao nível dos cuidados de saúde primários, e a cobertura do país com centros de diagnostico pneumologicos são outras razões apontadas pelo especialista.
O 2º Congresso de Pneumologia do Centro, cujo tema é “O Pulmão no Centro”, é, segundo Carlos Robalo Cordeiro, uma oportunidade para fazer um ponto da situação de qual é a oferta, a realidade e as carências que existem na região, com a presença de representantes dos seus dez serviços e ainda de dois núcleos espanhóis vizinhos, de Cáceres e Salamanca.
Na quinta-feira, primeiro dia, destaca-se uma mesa redonda sobre a ventiloterapia em patologia aguda e a imagem no diagnóstico em patologia torácica, bem como as técnicas de reabilitação respiratória domiciliária.
Para o segundo dia, está prevista a conferência de uma especialista internacional sobre alergias com medicamentos da área respiratória, Mariana Castells, de Harvard, bem como uma mesa redonda sobre doenças respiratórias crónicas.
No caso da asma, ela é já considerada a doença crónica infantil mais prevalente nos países desenvolvidos, e afectará em Portugal cerca de um milhão de pessoas, revela Carlos Robalo Cordeiro.
Embora resultante de uma “predisposição genética”, para ela contribui o maior conforto das sociedades desenvolvidas, nas habitações, e também a poluição dos espaços de trabalho, o que aconselha “a não se descurar desde cedo o diagnóstico”, conclui o presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia.
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