Alterações fisiológicas e comportamento característico aumentam a possibilidade de doenças coronárias em depressivos
Muito se discute sobre os sintomas da depressão, como a tristeza prolongada e o desinteresse por atividades antes prazerosas, contudo, não é comum que se fale sobre as possíveis mudanças fisiológicas causadas pela doença. Segundo a psiquiatra Alexandrina Meleiro, entre as consequências dessas alterações estaria o maior risco de infarto em pacientes depressivos.
— A taxa de mortes causada por suicídio entre pessoas com depressão é de 15%, praticamente o mesmo índice de pacientes depressivos que morrem em decorrência de um infarto — aponta.
Além disso, enquanto que a incidência de depressão na população geral gira em torno de 4% a 7%, entre os portadores de doenças coronárias ela varia entre 14% e 17%. A depressão pode provocar modificações no sistema neuroendócrino e imunológico do paciente.
— Algumas são bem negativas, como aumento de triglicérides na corrente sanguínea, do colesterol e da pressão arterial, assim como a aceleração da frequência cardíaca. Uma combinação perigosa para o coração — diz a psiquiatra.
Outro fator importante nestes casos é que alguns pacientes com depressão apresentam comportamentos de risco para essas doenças, como sedentarismo, tabagismo, abuso de álcool e menor aderência ao tratamento.
No entanto, não somente quem tem depressão corre maior risco de sofrer infarto, mas quem teve um episódio de infarto também está mais propenso a apresentar um episódio depressivo.
— É uma via de mão dupla que geralmente acontece com cerca de 40% a 50% dos pacientes — explica, acrescentando que as limitações a que uma pessoa infartada é submetida durante a fase de recuperação provavelmente podem ser o estopim para a depressão.
Para evitar o infarto em pacientes depressivos, a principal medida, além dos medicamentos para a doença, é melhorar a qualidade de vida. Ainda que seja difícil motivá-los a cuidar da alimentação e praticar atividades físicas, estes itens devem fazer parte do tratamento contra a depressão e, consequentemente, para melhorar a saúde cardíaca.
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