Promotores receberam denúncias de que médicos continuam assinando o ponto e indo embora no Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS)
Apesar das prisões e da repercussão, o esquema de fraude nos plantões do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) não parou de operar.
A promotora Maria Aparecida Castanho, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), recebeu anteontem denúncia de que plantonistas continuam assinando o ponto e indo embora. Após a operação, a Secretaria da Saúde do Estado prometeu aumentar o controle dos plantões. "O fato de ainda ter médico assinando o ponto sem trabalhar mostra que a fraude está entranhada no sistema hospitalar", disse Maria.
Os promotores receberam dossiê da subsecção de Sorocaba da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) com denúncias. Segundo o documento, a Comissão de Direitos Humanos da OAB recebeu e encaminhou ao MP e à secretaria denúncias de falta de médicos, mau atendimento, funcionamento precário de equipamentos e problemas nas licitações. "Foram abertos inquéritos e sindicâncias, mas todos foram arquivados", disse um membro da comissão, Luiz Ferraz.
A documentação é examinada por Maria e pelo promotor Cláudio Bonadia, na sede do Gaeco, sob proteção policial. Numa das paredes, foi montado um organograma das fraudes. No gráfico, com quase 5 metros de largura, eles definem o papel de cada envolvido. Não há prazo para o término da apuração. "Vamos terminar o quanto antes. O problema é que todo dia surgem fatos novos", disse Maria Aparecida.
Conhecimento. O Estado teve acesso a documentos que mostram que a Corregedoria Setorial da Secretaria da Saúde sabia de fraudes em plantões e possíveis irregularidades em licitações desde agosto. Naquele mês, o órgão recebeu um dossiê com denúncias, a maioria de médicos do CHS. O órgão instaurou procedimento administrativo.
Segundo os denunciantes, os corregedores pareciam mais interessados em apurar casos de assédio moral que as demais denúncias. As denúncias resultaram em uma auditoria, no fim do ano passado. Mas a administração do hospital soube com antecedência e teve tempo de "maquiar" o CHS. O caso só não deu em nada porque, naquele momento, o MP e a Polícia Civil já haviam entrado na investigação.
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