Após a divulgação do POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) do IBGE nesta quinta-feira, a coordenadora geral de alimentação e nutrição do Ministério da Saúde, Patricia Constante Jaime, declarou que o órgão está trabalhando na construção de dois planos nacionais para melhorar a alimentação dos brasileiros.
"Um é para o enfrentamento da obesidade, que está tão associada ao consumo desses alimentos com alto teor de sódio, com alta densidade energética, alto teor de gordura e açúcar. O outro vai tratar do enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis, do diabetes, da hipertensão, do câncer, que também estão associados ao consumo inadequado de alguns alimentos."
Mais de 90% dos brasileiros consomem menos frutas, legumes e verduras do que o recomendado pelo Ministério da Saúde, de acordo com a POF.
A coordenadora ainda comentou os resultados da pesquisa que mostram a inadequação do padrão geral da dieta dos adolescentes, muito pior quando comparada a outras fases do ciclo da vida.
Segundo Jaime, "dados anteriores da POF já mostravam um padrão de consumo alimentar que demanda uma urgência de políticas públicas para a promoção de alimentação saudável para todos os ciclos da vida do brasileiro."
O levantamento mostrou que o consumo de biscoitos recheados, um dos vilões de uma dieta saudável, foi bem maior entre adolescentes do que entre adultos e idosos, e ainda que os mais velhos comem mais salada do que os mais jovens.
"Todo o padrão de consumo de micronutrientes apresentado pela pesquisa sinaliza uma inadequação do padrão geral de dieta dos jovens. Isso sinaliza a importância não de suplementação ou de fortificação, mas sim de repensar o consumo de alimentos consumidos no dia a dia do adolescente. É importante mencionar que a inadequação de micronutrientes pode muito bem ser corrigida através de alimentos básicos da dieta, não sendo necessários suplementos ou medicamentos para corrigi-la", explicou a coordenadora.
DIETA POBRE
O levantamento mostra que os alimentos mais comuns na mesa dos brasileiros de todas as classes, regiões e idades são café, feijão, arroz, sucos, refrigerantes e carnes bovinas.
O problema, no entanto, com exceção dos refrigerantes, não está neste grupo, mas em outros alimentos que têm sido mais consumidos, como biscoitos recheados, salgadinhos, pizzas, doces e outros de altos teores calóricos e baixos nutritivos.
Por causa desta dieta de baixa qualidade, o percentual de brasileiros com níveis altos de inadequação de consumo de diversos nutrientes é alto para quase todos eles.
O consumo de fibras ficou abaixo do recomendado para 68% dos brasileiros. Já no caso de açúcares e gorduras saturadas, o consumo é em excesso, respectivamente, entre 61% e 82% da população.
A má alimentação do brasileiro se reflete também na baixa ingestão de algumas vitaminas, abaixo dos níveis recomendados. Praticamente todos os brasileiros consomem menos vitaminas D e E do que o recomendado, pois a proporção de inadequação neste caso é superior a 98% independente da idade ou sexo.
A falta de vitamina A também é um problema, pois a proporção de inadequação deste nutriente varia entre 63% entre meninas de 10 a 13 anos a 82% entre homens de 14 a 18.
PEIXE É MAIS CONSUMIDO NO NORTE; CARNE DE BOI NO CENTRO-OESTE
A comparação por região permite também identificar diferentes hábitos alimentares. Ninguém supera os nortistas, por exemplo, no consumo de peixe, farinha e açaí.
No Sul, o destaque é o chá. No Centro-Oeste, brasileiros reportaram o maior consumo de carne bovina.
No Sudeste, a batata-inglesa é mais presente no cardápio do que em qualquer outra região.
Por fim, nordestinos apresentaram o maior consumo de milho entre todos os pesquisados.
Fonte Folhaonline
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