Um novo medicamento para câncer de próstata em estágio avançado pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes, diminuindo as dores, e fazê-los viverem mais.
Os resultados de estudos de fase 3 (últimos antes de uma droga ser aprovada) foram apresentados no fim de semana no congresso da Sociedade Europeia de Oncologia, em Estocolmo (Suécia).
O remédio Alpharadin foi testado em 922 pacientes com metástase óssea. Dos pacientes com câncer de próstata, até 40% têm metástase. Em 90% dos casos, o tumor se espalha para os ossos, principalmente na coluna, na bacia e no fêmur. Isso gera muita dor e pode deixar os pacientes incapazes de realizarem suas atividades diárias.
"O problema é o diagnóstico tardio. Muitos pacientes ainda têm preconceito com o exame de toque retal", afirma o oncologista André Murad, do HC da Universidade Federal de Minas Gerais e do Hospital Lifecenter, que participou do estudo.
TESTE
O medicamento foi testado em 20 países, incluindo o Brasil. Seis centros médicos do país, entre eles o Hospital das Clínicas da USP e o Hospital do Câncer de Barretos, estavam envolvidos na pesquisa.
Os pacientes foram divididos em dois grupos: um deles tomava o remédio e o outro recebia placebo, sem que ninguém soubesse quem recebia o tratamento ativo.
Aqueles que tomaram o Alpharadin tiveram taxas de mortalidade 30% menores e uma sobrevida média de 14 meses, em comparação com 11 meses do outro grupo.
Como os resultados preliminares foram bons, o estudo foi interrompido para que os pacientes do grupo-placebo recebessem a droga.
TELEGUIADO
O remédio é um radiofármaco formado por partículas radioativas que têm afinidade pelas células ósseas -da mesma forma que o iodo radioativo tem preferência pela tireoide, por exemplo.
"Essas partículas se dirigem às células da metástase, depositam-se nelas e as destroem. É quase um míssil teleguiado", compara Murad.
Segundo Gustavo Guimarães, chefe do setor de urologia do Hospital A.C. Camargo, outros radiofármacos causam diminuição de glóbulos brancos e de plaquetas, e não aumentam a sobrevida.
"Esse novo remédio é mais preciso, age milimetricamente nas células malignas."
Marcos Dall'Oglio, professor da USP e chefe do departamento de uro-oncologia do HC, afirma que a droga pode adiar a quimioterapia, o que é importante no caso de pacientes idosos, que não suportam esse tratamento. A radioterapia comum também pode afetar os tecidos normais e a produção de sangue.
Os efeitos colaterais mais comuns, segundo o estudo, foram diarreia e náusea.
O aposentado Raimundo Nonato da Fonseca, 83, de Belo Horizonte, foi um dos voluntários da pesquisa e afirma não ter tido nenhuma reação adversa ao remédio.
"Por causa das dores, não caminhava. Hoje durmo melhor, como bastante bem e estou engordando. Graças a Deus me dei bem."
A Bayer HealthCare Pharmaceuticals, que produz a droga, prevê seu lançamento no Brasil em 2013.
editoria de arte/folhapress | ||
Fonte Folhaonline
Nenhum comentário:
Postar um comentário