Sangue: quem fez tranfusão antes de 1992 deve fazer o teste para hepatite C |
Pesquisa nacional mostrou que 24% acreditam na existência de uma vacina para a doença, algo que ainda não existe
Mais da metade dos brasileiros, 51%, não sabe o que é hepatite C, segundo uma nova pesquisa da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH), divulgada nesta terça-feira (29), em Salvador, na abertura do 21º Congresso Brasileiro de Hepatologia.
O estudo avaliou o grau de conhecimento dos brasileiros sobre a doença, que em 10 anos causou mais de 14 mil mortes e hoje afeta aproximadamente 60 mil brasileiros, segundo dados do Ministério da Saúde.
A pesquisa investigou um conjunto de aspectos importantes relacionados à doença como doação de sangue, vacinação, diagnóstico e consequências, entre outros aspectos.
Apesar de 62% saberem que a doença é altamente contagiosa e 52% afirmarem ter medo de contraí-la, 84% nunca fizeram o teste de detecção da doença.
“Todas as pessoas que fizeram transfusão de sangue antes de 1992 deveriam ser rastreadas. Os médicos deveriam perguntar a seus pacientes se eles receberam sangue, se foram usuários de drogas, se compartilharam seringas.
A hepatite C é uma doença que pertence a todas as especialidades”, afirma o hepatologista Raymundo Paraná, presidente da SBH. No ano referido, tornou-se obrigatório o rastreamento da hepatite C na doação de sangue.
Apesar desse teste ter reduzido a quase zero o número de contaminações por transfusão ou transplante de órgão, ainda hoje são descobertos novos casos de pessoas contaminadas há décadas, por conta do caráter silencioso da doença.
Nos casos de hepatite C, 56% são assintomáticos, ou seja, não apresentam sintomas. Eles só aparecem quando o caso já está grave”, afirma Fernando Gonçalves, coordenador do grupo de estudos das hepatites virais da Universidade de Campinas (Unicamp).
O rastreamento nas unidades básicas de saúde se torna ainda mais importante com um dado do estudo: 52% dos entrevistados afirmaram que procurariam um clínico geral se estivessem com da doença e 4% afirmaram que procurariam um hepatologista, especialista indicado para o tratamento.
Outros aspectos
O desconhecimento da população sobre o assunto fica ainda mais evidente quando os entrevistados responderam a perguntas sobre formas de contágio, gravidade e proteção contra a doença. Apenas 42% conhecem as principais formas de contaminação, que são transfusão de sangue e agulhas infectadas. Ínfimos 1% consideram-na como grave – a hepatite é responsável por 50% das indicações de transplantes de fígado no País.
Além disso, entre os entrevistados, 24% disseram acreditar na existência de uma vacina e 7% afirmaram terem sido vacinados. No entanto, vale ressaltar que não há imunização contra a hepatite C.
“As pessoas devem estar confundindo hepatite e meningite C”, acredita Paraná.
Pouco mais da metade (51%) dizem saber que existe tratamento, mas 30% não sabem dizer o que é usado para combater o vírus da hepatite C. Hoje, o tratamento contra a doença é realizado por meio da chamada terapia dupla, com o uso do interferon e da ribavirina. No entanto, a ANVISA aprovou em julho deste ano uma nova terapia, com a inclusão do boceprevir e do telaprevir. A pesquisa foi realizada pelo Instituto Datafolha, patrocinado pelo laboratório farmacêutico MSD e ouviu 1.137 pessoas de 11 cidades diferentes.
Hepatite C
O vírus da hepatite C ataca o fígado e mais de 50% dos infectados evoluirão para a forma crônica da doença. Destes, 25% terão cirrose hepática e/ou câncer de fígado. Para tornar a estatística mais clara, é importante saber que, no Brasil, 56% dos casos de câncer de fígado estão associados ao vírus da hepatite C.
Apesar dos dados do Ministério da Saúde apontarem 60 mil pacientes com hepatite C, a estimativa da SBH é de que existam 2 milhões de casos no País. O caráter silencioso da doença, assim como o difícil diagnóstico e a falta de rastreamento adequada escondem os números reais de pacientes.
Fonte IG
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