Aplicativos, carreira, concursos, downloads, enfermagem, farmácia hospitalar, farmácia pública, história, humor, legislação, logística, medicina, novos medicamentos, novas tecnologias na área da saúde e muito mais!



terça-feira, 15 de novembro de 2011

Apesar de simples e barata prática de oxigenoterapia ainda é pouco comum

 (Dênio Simões/Esp. CB/D.A Press - 21/10/11)

Mesmo parecendo simples e barata, a oxigenoterapia hiperbárica (OHB) é realizada em apenas 100 locais no Brasil. O motivo é a falta de divulgação do tratamento e o alto custo dos equipamentos — que, além disso, exigem grande investimento em infraestrutura. A técnica trata feridas, problemas nos ossos e pulmonares e mais uma série de doenças. Estudada desde meados de 1854, só passou a fazer parte dos procedimentos médicos no Brasil em 1967, na Marinha, por estar ligada à solução de problemas na hora de mergulhar. Um dos principais benefícios é a redução do tempo de internação e, logo, também o gasto com medicamentos. No Distrito Federal, a técnica é utilizada em apenas dois hospitais.

O médico hiperbarista do Hospital Planalto e membro da Sociedade Brasileira de Medicina Hiperbárica (SBMH) Hélio Ivan Stroher conta que o paciente entra na câmara hiperbárica, recebe uma máscara para inalar o oxigênio e é submetido a uma pressão atmosférica que varia de 2,5 a três atmosferas (ATM). Normalmente, essa pressão é de 1 ATM, o que aumenta em cerca de 1.900% a quantidade de oxigênio dissolvido no corpo. “Vale ressaltar que não há necessidade de expor a lesão/ferida a ser tratada, visto que o efeito da inalação de oxigênio é sistêmico e não somente no problema alvo”, salienta.

Geralmente, as sessões se realizam em exposições breves, de 60 a 90 minutos cada, com uma ou duas sessões diárias. “São necessárias, em média, de 20 a 30 sessões para resultados significativos em lesões”, avalia o vice-diretor do Hospital das Forças Armadas (HFA), Antonio Carlos da Silva Rodrigues. Para ele, a ação da OHB tem como finalidade aumentar o aporte de oxigênio tissular em feridas crônicas, que normalmente encontram-se com redução da substância na área da lesão. “A base é que, aumentando o fluxo de oxigênio nos tecidos, é esperada uma melhora significativa na cicatrização da ferida. A idade, o estado nutricional, outras patologias associadas e o sistema imunológico são relevantes para a melhor cicatrização em feridas refratárias”, afirma.

O vice-diretor explica que a alta concentração de oxigênio dissolvido nos líquidos teciduais produz estímulos para a regeneração em lesões crônicas, com efeitos terapêuticos nas fases de fator de crescimento indireto (recomposição do tecido); síntese de colágeno; proliferação de fibroblastos; cicatrização de feridas problemáticas; angiogênese; neovascularização, que promove a formação de uma nova rede capilar necessária para oxigenar a parte afetada; atividades osteoclástica e osteoblástica, que aumentam as concentrações de oxigênio nos ossos; ação antimicrobiana; e inibição da síntese e da degradação de DNA.

O especialista conta que o tratamento contribui para o restabelecimento de um microambiente apropriado na lesão, devolvendo os estímulos para os processos regenerativos e os mecanismos antibacterianos. Segundo ele, com a exposição à hiperoxigenação (inalação de oxigênio) concomitantemente à elevação da pressão ambiente, em intervalos breves e intermitentes, ocorrerão as condições de hipoxia e hiperoxia (processos de infecção e de cicatrização), eficazes para alterar o curso da doença.

Combinação
De acordo com o coordenador de ensino do Serviço de Medicina Hiperbárica do HFA, Elias Pereira de Lacerda, a OHB é um método coadjuvante de tratamento, principalmente nos casos de feridas crônicas, não podendo ser a primeira e única escolha. “Somente a aplicação da OHB nesses casos (lesões refratárias) não resultaria em benefícios, tendo o paciente a necessidade de receber os tratamentos convencionais. A OHB complementa a ortopedia, a cirurgia vascular, a cirurgia plástica, a oncologia, a ginecologia e outras especialidades”, ressalta.

A paciente Daniele Fernandes, 29 anos, se submeteu ao tratamento por conta de uma infecção hospitalar que acarretou um quadro grave da síndrome de Fournier (espécie de gangrena que envolvendo o escroto, no caso dos homens, e o períneo, em ambos os sexos). Ela recebeu a prescrição de passar pela oxigenoterapia hiperbárica para acelerar o tratamento. De acordo com o irmão dela, André Fernandes, 31, ela passou por 30 sessões, que resultaram no fechamento do abscesso. “Estamos aguardando a decisão do médico para saber se vai ou não precisar fazer enxerto. Se sim, ela terá que fazer mais 10 sessões”, conta. André conta que o tratamento foi maravilhosos e diminuiu tanto o tempo de internação quanto os gastos com medicamentos. “Reduzimos cerca de 50% no tempo e nos custos.”

Hélio Ivan Stroher conta que diversos estudos concluíram que o gasto com o tratamento, quando se utiliza a oxigenoterapia hiperbárica é, a médio e longo prazo, mais baixo que o do tratamento convencional, empregado repetidas vezes. “Isso se deve pela diminuição do tempo de internação e do uso de antibióticos, e propicia uma abordagem menos agressiva nas intervenções cirúrgicas”, pontua. Ele salienta que também foi observada a redução do custo emocional para o paciente e para os familiares, com a aceleração da cura.

Fonte Correio Braziliense

Nenhum comentário:

Postar um comentário