Em 20 anos, projeção é aumento de 67% nos casos brasileiros
Uma mistura de envelhecimento da população, sedentarismo, obesidade e alimentação nada saudável tem feito com que o Brasil avance no ranking internacional de diabetes.
Os relatórios da Federação Internacional de Diabetes (FID) colocam luz neste problema. Os dados divulgados para as sociedades médicas de todo mundo mostram que o País ocupa, atualmente, o 5º lugar na lista mundial de nações com o maior número de portadores da doença. Em 2007, último ano da publicação do chamado “atlas global da doença”, os brasileiros estavam na 8ª posição.
Ainda que a própria FID reconheça que a metodologia para contabilizar os casos foi aperfeiçoada (o que comprometeria a comparação de resultados), os autores do trabalho afirmam que o avanço mundial em proporções da epidemia do diabetes é consolidado, saindo de 135 milhões em 1995 para os atuais 285 milhões de habitantes.
Os já numerosos diabéticos do Brasil (7,6 milhões atualmente) vão aumentar ainda mais, segundo as projeções da FID. Em 20 anos, os adultos com a doença (entre 20 e 79 anos) vão crescer 67,1%, o quinto maior aumento mundial de população que convive com o problema metabólico.
Estão à frente do Brasil no grupo de maior aumento expressivo de diabetes, o Paquistão (94,3% de aumento), a Indonésia (81,4%), México (75%) e Índia (71,2%). Não por coincidência, define Harvey Katzeff – professor adjunto de Medicina do Albert Einstein College of Medicine e médico do Ambulatório de Diabetes do Montefiore Medical Center – são países em desenvolvimento, que passam por uma transformação cultural na questão da alimentação (mais fast food) e dedicam cada vez menos tempo para atividades físicas.
Irmã da obesidade
“O aumento do diabetes está em todos os lugares, mas é mais forte em locais que estão em desenvolvimento”, afirmou Katzeff em entrevista ao iG. “O crescimento do diabetes acompanha o avanço da obesidade. A alimentação, a má alimentação, é responsável por este fenômeno”, diz.
No Atlas, o grupo de pesquisadores do FID alertam para as diferenças de incidência de diabetes na população mundial. Segundo eles, “nos países desenvolvidos, a maior parte dos portadores de diabetes tem mais de 60 anos”. Já nos países em desenvolvimento, “o grande aumento de casos é na chamada população economicamente ativa, entre 40 e 60 anos”.
O prejuízo do diabetes atingir diretamente as pessoas que dão fôlego para a mão-de-obra dos países foi calculado em uma pesquisa feita por um dos laboratórios fabricante de medicamentos para o controle da doença. Entre os 600 diabéticos que participaram do estudo da Merck Sharp & Dhome, 20% informaram que a capacidade de trabalhar foi afetada, sendo que deste total 12% informaram que estão sem trabalhar ou tiveram de abandonar o serviço no ano anterior ao da pesquisa.
Medicamentos e novas tecnologias
No Brasil, só até março deste ano, os diabéticos ocuparam 36.267 leitos em todas as unidades de saúde públicas. Os pacientes internados por causa da doença estão em ascensão, o que mostra que as complicações relacionadas à dificuldade de controlar a glicose (em casos mais graves há casos de cegueira e amputação de membros) também estão crescendo.
No Brasil, só até março deste ano, os diabéticos ocuparam 36.267 leitos em todas as unidades de saúde públicas. Os pacientes internados por causa da doença estão em ascensão, o que mostra que as complicações relacionadas à dificuldade de controlar a glicose (em casos mais graves há casos de cegueira e amputação de membros) também estão crescendo.
Entre 2008 e 2009, mostram os números, a ampliação de pacientes com diabetes internados foi de 7,1%, passando de 131.734 para 141.174. Os medicamentos para controlar a doença já aumentaram a qualidade e hoje têm menos efeitos colaterais – antes a maior reclamação dos pacientes era o ganho de peso (ainda assim, as drogas metabólicas não podem ser usadas para emagrecer).
Além das medicações, os pesquisadores brasileiros também estão empenhados em descobrir técnicas cirúrgicas capazes de controlar a doença metabólica. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica afirma que o País é um dos principais em pesquisas na área, mas nenhum procedimento ainda foi reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina. O CFM montou um grupo para avaliar estas propostas.
Ranking de 2007
1º - Índia
2º - China
3º - EUA
4º - Rúsiia
5º - Alemanha
6º - Japão
7º - Paquistão
8º - Brasil
9º - México
10º - Egito
Ranking de 2010
1º - Índia
2º - China
3º - EUA
4º - Rússia
5º - Brasil
6º - Alemanha
7º - Paquistão
8° - Japão
9º - Indonésia
10º - México
Ranking de 2030 (projeção)
1º - Índia
2º - China
3º - EUA
4º - Paquistão
5º - Brasil
6º - Indonésia
7º - México
8º - Bangladesh
9º - Rússia
10º - Egito
Fonte IG
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