Médicos dizem que diminuição das mortes não é motivo para descuido com a doença
A curiosidade fez com que Brenno Sales Preis, de 22 anos, usasse camisinha duas vezes desde que perdeu a virgindade, no começo deste ano. Desfeito o mistério, ele voltou a ter relações sem camisinha. Preis, que é estagiário e mora em Belo Horizonte, conta que não teme a Aids.
- Nunca conheci uma pessoa com Aids. Nem amigo de amigo. É como se [a doença] não existisse. Passou a ser um mito.
Preis ilustra um dos principais desafios do governo: lembrar para a população que a camisinha não é só um método anticoncepcional e que ainda é uma das formas mais eficazes de se evitar o vírus HIV. A Aids antes era vista como uma sentença de morte. Passou a ser vista como uma doença tratável. O governo admite que a doença está “banalizada” no imaginário popular e luta contra isso. Várias campanhas publicitárias começam nesta quinta-feira (1º), Dia Mundial de Luta Contra a Aids, a lembrar que a doença não pode ser subestimada.
A administração da doença avançou, mas ainda não existe uma cura, como destaca o infectologista Ricardo Sobhie Diaz, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
- A doença perdeu alguns estigmas que ela tinha antes. As pessoas podem não morrer tanto como antes por causa da doença, mas isso não é motivo para as pessoas não se cuidarem. Mesmo com o remédio antirretroviral, as pessoas soropositivas envelhecem muito mais rápido. Existe um dano.
Imaginário
Outro fator que fez as pessoas deixarem de temer a Aids foi o esquecimento das discussões dessa doença. Preis afirma que a Aids nunca foi tema de conversação com a sua família. Preis lembra que o mais próximo de uma conversa sobre o tema foi uma vez que sua mãe disse “ó, use camisinha” há dez anos. Para ele, a Aids é quase um fruto de imaginação.
Quando Preis tinha dois anos, um ícone da música pop morria por causa da doença. No final do mês passado, completou-se 20 anos da morte do vocalista da banda Queen Freddie Mercury em decorrência da Aids. Os anos 80 e 90 foram marcados por várias mortes de artistas por causa da doença, como Cazuza e Renato Russo.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse nesta semana que a pasta avalia existir “uma geração jovem no país que não viveu a luta contra a Aids há vinte anos”.
Fonte R7
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