As raparigas que têm a primeira menstruação antes dos 12 anos correm um risco acrescido de ficar obesas na adolescência, conclui um estudo de uma investigadora da Universidade do Minho.
Por outro lado, o estudo de Raquel Leitão mostra também que “as jovens com menarca precoce já tinham, desde os sete anos, níveis de gordura corporal superiores às restantes”.
“Os resultados reforçam, de facto, a relação entre a idade da primeira menstruação e a gordura corporal, mas não explicam se a obesidade é causa ou consequência da maturação sexual precoce”, refere a investigadora.
Raquel Leitão é a autora de “A obesidade da infância para a adolescência: um estudo longitudinal em meio escolar”.
O estudo revela que a incidência de obesidade no grupo de raparigas que teve a menarca em idade precoce (inferior aos 12 anos) foi de 24,1 por cento, resultado superior ao das adolescentes que tiveram a primeira menstruação numa idade dita “normal” (entre os 12 e 13 anos) e tardia (superior a 13 anos).
A idade média da ocorrência da menarca na amostra, constituída por 109 raparigas nascidas em 1991, foi de 12,2 anos, valor semelhante à generalidade dos países mediterrânicos.
Estes são dados “preocupantes”, pois revelam que a tendência de adiantamento da maturação sexual nas adolescentes parece persistir.
Em Portugal, a média da idade da menarca diminuiu de 15 anos nas raparigas nascidas em 1880 para 12,4 anos na década de 80 do século XX.
Raquel Leitão alerta para os riscos da obesidade e do período precoce sobre a saúde.
“Tendo em conta que a obesidade na adolescência tende a persistir para a idade adulta e que existem riscos de saúde associados de forma independente à obesidade, adiposidade centralizada e menarca precoce, poder-se-á prever consequências adversas para a saúde destes participantes”, reforça a doutorada, que é nutricionista e docente na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viana do Castelo.
Segundo Raquel Leitão, estas são “evidências claras do quão urgente é necessário prevenir desde cedo a deposição excessiva de gordura corporal durante a fase de crescimento”.
A investigação teve ainda como objetivo conhecer as trajetórias de adiposidade apresentadas pelas crianças de ambos os sexos durante o período de seis anos avaliado (dos nove para os 15 anos de idade).
Visou também identificar hábitos alimentares, padrões de atividade física e características psicossociais que distingam os adolescentes com diferentes trajetórias de adiposidade.
“O que se pretendia era identificar as crianças que desenvolveram obesidade, as que mantiveram esta patologia e ainda as que a reverteram”, explica Raquel Leitão.
Os resultados apontam para o facto de os rapazes terem mais facilidade em reverter a obesidade.
As raparigas mostraram maior vulnerabilidade ao desenvolvimento da patologia e uma grande dificuldade em voltar a um peso normal.
Fonte Destak
Nenhum comentário:
Postar um comentário