"Acredito que o maior ganho indireto com a implantação de um programa de avaliação de desempenho ou de pagamento por performance foi alcançado pela própria metodologia de implantação que temos adotado"
De forma geral, externalidades são os efeitos indiretos (positivos ou negativos), em termos de custo ou de benefícios, gerados por uma atividade de produção ou de consumo.
As externalidades positivas observadas em programa de avaliação de
desempenho e de pagamento por performance de profissionais e prestadores de serviços de saúde são várias. Na nossa prática, temos percebido algumas que coincidem com o observado por alguns autores americanos.
Num recente artigo publicado pelo Heath Care Incentive Improvement Institute, o professor De Brantes comenta a respeito de algumas externalidades positivas observadas em programas implantados nos EUA pela sua equipe. Foi observado um estímulo a comunicação entre hospitais e médicos, trocando as melhores práticas, encontrando variações internas em processos e os corrigindo, além de possibilitar a medição e monitoramento da saúde e do bem estar dos pacientes do início ao fim. Alguns hospitais decidiram engajar em programas de qualidade (e.g. LEAN, 6 SIGMA) e os planos de saúde estão aproveitando a riqueza e a maior proximidade nos diálogos com a rede prestadora, o que não acontecia a longo tempo (HCI3 – www.hci3.org , De Brantes, 5 de Agosto 2011).
Trazendo para a nossa realidade, observamos diversas externalidades positivas, principalmente no que se refere à identificação de variações internas em processos favorecendo seus ajustes, inclusive em serviços já acreditados. Além disso, percebeu-se um forte engajamento dos médicos nas definições de indicadores dos programas. Em uma UNIMED, alguns médicos repensaram o atendimento aos pacientes, pois constataram que estes participavam ativamente do processo de avaliação através de pesquisas de satisfação.
O grau de exigência e necessidade para termos dados de qualidade para geração dos indicadores, fez com que alguns clientes revisassem o processo de implantação de seus sistemas informatizados, inclusive revisando processos básicos de registro de dados e cadastros. As mudanças nos processos e na consolidação dos dados visaram ampliar as informações que antes tinham um caráter mais financeiro e agora possibilitam o uso de ferramenta de Análise Inteligente de Dados (AID).
Como exemplo, uma operadora passou a ter um volume de informações gerenciais de custo e utilização que não tinha antes. Vejam que os dados já estavam no Sistema de Gestão (ERP) desta operadora, apenas foram tratados de forma diferente apoiando, de forma mais eficiente, os gestores na tomada de decisão.
Acredito que o maior ganho indireto com a implantação de um programa de avaliação de desempenho ou de pagamento por performance foi alcançado pela própria metodologia de implantação que temos adotado. Na fase prévia à operacionalização do programa, orientamos a estruturação de uma comissão interna formada por profissionais chaves da instituição que literalmente se apropriam do modelo proposto e constroem o programa em conjunto com os consultores a partir de processos e regras pré-estabelecidas. Este aprendizado se torna ímpar para a instituição, pois a incorporação de conhecimento é muito grande pelos membros da comissão. Isso possibilita: a revisão de processos internos, o acompanhamento do programa, a exigência para implantação de novos programas para outras especialidades, serviços ou equipes de saúde, além de motivar as demais externalidades positivas já descritas.
Algumas externalidades positivas que, com certeza, observaremos com a implantação do QUALISS pela ANS, serão o aumento do número de hospitais acreditados, os ajustes nos dados básicos de registros dos hospitais, além de introduzir uma mentalidade pró-qualidade na relação com a fonte pagadora. Indiscutivelmente o paciente será beneficiado.
Fonte SaudeWeb
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