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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Fertilização deve ser de até 2 embriões; Brasil usa até 4

Mulheres que se submetem à fertilização in vitro (FIV), técnica mais usada de reprodução assistida, devem ter implantados um ou dois embriões, nunca três ou mais. Essa é a conclusão de um estudo inglês publicado no periódico médico "Lancet".

Segundo os autores da pesquisa, da Universidade de Bristol, no Reino Unido, o número maior de embriões não aumenta o sucesso do procedimento e ainda eleva o risco de gestações múltiplas, associadas a complicações.

Editoria de arte/Folhapress
Quando há mais de um feto no útero, a prematuridade é regra, segundo Mario Cavagna, secretário da comissão de reprodução humana da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).

E o nascimento prematuro está ligado a maior risco de problemas de saúde para o bebê, como sequelas do sistema nervoso.

Para o estudo, foram analisados 124 mil ciclos de fertilização, que resultaram em 33 mil nascimentos.
Os pesquisadores compararam as taxas de sucesso, os nascimentos múltiplos e a ocorrência de baixo peso e prematuridade nos procedimentos em mulheres de até 40 anos e com mais de 40.

Brasil
Os limites do estudo são diferentes dos da norma brasileira. No país, as regras estabelecidas há um ano permitem a transferência de até dois embriões para pacientes com até 35 anos, até três para mulheres com idade entre 36 e 39 e até quatro para pacientes com 40 anos ou mais.

Mas a redução do número de embriões na FIV é uma tendência mundial, segundo Adelino Amaral Silva, presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida.

Na Inglaterra, é proibido colocar mais de três embriões em mulheres acima dos 40 anos. Na Suécia e na Bélgica, transfere-se um único embrião por ciclo para reduzir as gestações múltiplas.

"A norma do Brasil já está desatualizada. Temos que discutir hoje um ou dois embriões, dependendo da idade da paciente", diz João Sabino da Cunha Filho, especialista em reprodução humana pela Universidade de Paris.

Segundo ele, é preciso desmitificar a ideia de que transferir mais embriões aumenta a chance de sucesso. "Isso só eleva a chance de problemas na gravidez."

Uma grande diferença entre a fertilização no Brasil e nos países europeus é que lá os tratamentos são pagos pelo governo --no Brasil, estima-se que 90% deles sejam privados.

Estudos já mostraram que sai mais barato para o Estado pagar a FIV do que as complicações das gestações múltiplas, como UTI neonatal.

"Mas aqui as mulheres pensam: 'Estou gastando uma fortuna, prefiro correr o risco de uma gestação múltipla'. Precisamos levar essas diferenças em conta", diz Cavagna. Um tratamento de FIV pode custar até R$ 25 mil.

"Não temos a presença do Estado, então precisamos otimizar as chances e transferir mais embriões", diz Silva.

Segundo Cavagna, é necessário considerar as exceções. "Em quem tem mais 40 anos e já fez várias tentativas, por que não transferir quatro embriões?", questiona.

Para ele, o médico deve ter livre-arbítrio para individualizar o tratamento, levando em consideração a idade, o número de tratamentos que a paciente já fez e o tempo de infertilidade.

Fonte Folhaonline

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