Entre os homens, perder fios de cabelo pode ser um sinal de alguma doença
Calvície não é doença, mas entre a população masculina é considerada um dos maiores inimigos do homem. A queda de cabelo está associada a herança genética e, apesar dos prejuízos ficarem na esfera da estética, existem casos agravados ou até mesmo provocados por doenças, algumas delas bastante perigosas. Quando isso acontece, a calvície (conhecida pelos médicos como alopecia andrógena) recebe outros nomes. “Não tente resolver com receitas caseiras. Vá ao médico, ele poderá investigar o que está acontecendo”, recomenda o dermatologista Francisco Le Voci, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
A perda considerada normal é de 50 a 100 fios por dia. Isso faz parte do processo de renovação do cabelo e não deve alterar a densidade do couro capilar. “Se a queda for maior, a pessoa já vai notar uma redução”, afirma o médico.
Cabeça no lugar
Fatores emocionais para queda de cabelo estão se tornando cada vez mais frequentes nos diagnósticos médicos. É a alopecia traumática. “Pode acontecer por estresse”, diz Le Voci. “E também como resultado de alguma alteração psíquica repentina. Um trauma que venha seguido por depressão profunda”, acrescenta Ricardo Martins da Rocha Meirelles, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Já foi constatado que alterações emocionais aceleram a calvície ou provocam a queda de cabelo em regiões isoladas da cabeça, provocando falhas de tamanhos variados. É a alopecia areata. Nestas situações, o homem está sujeito também a dermatite seborréica, a caspa, provocada pelo aumento da produção de óleo pelas glândulas sebáceas.
“Na grande maioria dos casos, o cabelo volta a crescer normalmente quando a questão emocional é resolvida ou amenizada”, diz Meirelles. Apenas quando a perda for muito acentuada ou quando houver tendência genética para calvície, há risco de não haver uma boa recuperação da área perdida.
Alimentação
O ferro é fundamental para os cabelos crescerem saudáveis e quando o organismo sente sua falta, os fios começam a afinar e cair. O sangue depende desse nutriente para formar as hemoglobinas (parte vermelha), responsáveis por transportar oxigênio para o interior das células e, assim, dar energia a cabelos e unhas.
Para evitar a chamada anemia ferropriva, na qual há falta de ferro no organismo, a pessoa deve incluir em sua dieta alimentos como carne vermelha, especialmente o fígado. Entre os vegetais, aqueles de coloração verde escura são os mais ricos em ferro. A substância é encontrada também no feijão, grão-de-bico e lentilha, grãos integrais, nozes e castanhas, açaí e açúcar mascavo.
Mas nem sempre o problema é causado por má alimentação. A absorção do ferro pode estar comprometida por outras questões. É preciso uma avaliação médica, com suporte de exames laboratoriais, para chegar a um diagnóstico preciso e depois adotar o melhor tratamento. Mais uma vez, os cabelos geralmente voltam a crescer quando a anemia é resolvida.
Outro problema de natureza alimentar é o consumo excessivo de vitamina A, explica Meirelles. Em níveis normais, a vitamina A desempenha papel essencial para a visão, formação dos ossos e fortalecimento do sistema imunológico. Ela é encontrada em alimentos como carnes, especialmente no fígado de boi, e em verduras como cenoura, escarola, salsa, pimentão vermelho e, em menor quantidade, no verde.
Em excesso, muitas vezes causado pelo uso de suplementos alimentares, a vitamina A também causa dor de cabeça, ressecamento da pele, aumento do baço e do fígado, além de dor nas juntas.
Problema renal
“Algumas doenças renais também podem prejudicar os cabelos”, aponta Le Voci. As glomerulonefrites, por exemplo, provocam alterações na quantidade de proteínas no sangue e, consequentemente, causam enfraquecimento das unhas e dos cabelos. O diagnóstico requer exame de urina para verificar a quantidade de proteína expelida.
Tireoide
A tireoide é uma glândula localizada no pescoço, na altura do pomo de adão, e responsável pela produção de hormônios importantes ao organismo, como o T3 e T4. Ambos auxiliam na manutenção do peso, na disposição e no funcionamento de órgãos vitais.
Quando a tireoide passa a funcionar mais lentamente, a pessoa desenvolve uma doença chamada hipotireiodismo, na qual os níveis hormonais tornam-se mais baixos. Todo o corpo pode acabar comprometido, inclusive a produção de cabelos. Os médicos ainda não sabem ao certo como o mecanismo acontece, mas acredita-se “que a síntese capilar seja afetada pela queda hormonal”, explica o cirurgião plástico Marcelo Pitchon, presidente da Associação Brasileira de Cirurgia da Restauração Capilar (ABCRC).
Lúpus
O lúpus é uma doença autoimune, na qual os próprios anticorpos da pessoa se voltam contra o organismo, e acabam provocando um processo inflamatório que afeta a pele. A cantora pop Lady Gaga já admitiu ser portadora do problema.
“A doença causa lesões no couro cabeludo e desnutrição dos folículos”, explica o dermatologista Francisco Le Voci. Além disso, os rins costumam ser os órgãos mais atingidos e quando seu funcionamento é comprometido, há risco dos cabelos também se tornarem mais frágeis.
O grande problema do lúpus é que a doença não tem cura. Mas tem controle, assim como outras doenças crônicas. O tratamento costuma ser baseado no uso de imunossupressores, para que o sistema imunológico pare de se voltar contra o organismo da pessoa. Depois que a medicação faz efeito e a doença é controlada, o cabelo volta a crescer desde que não tenha havido uma grande perda.
Resistência à insulina e ovários policísticos
Existem dois fatores relacionados a perda de cabelo, embora essa relação ainda não seja totalmente compreendida pelos médicos. Uma delas é a resistência à insulina. Quando o homem precisa de mais insulina para metabolizar o carboidrato dos alimentos, há risco aumentado de perda de cabelos. O problema pode haver mesmo quando não houver necessidade de uso de medicações para compensar a deficiência.
Um problema comum entre as mulheres, a síndrome do ovário policístico, também pode se refletir na saúde masculina. Homens que têm na família mulheres com essa disfunção têm mais propensão a sofrer queda de cabelo. “Eles têm mais pêlos no corpo, porém o cabelo pode ser mais fraco e acabar caindo”, afirma Meirelles. “Não está claro o que acontece, mas acredita-se haver uma sensibilidade aumentada para o hormônio masculino. Embora o hormônio possa se encontrar nos níveis normais, ele geralmente está mais próximo do limite máximo”, comenta o endocrinologista.
Fonte iG
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